O golpe de 1964 e o golpe de 2016


Hari Alexandre Brust
26/03/2018

Duas gerações passaram desde o trágico dia do golpe militar de 31 de março de 1964, que derrubou o Presidente João Goulart mas uma, a castrada politicamente, não deixa passar em branco aquele dia do enterro da democracia, que levou 20 anos para ressuscitar.

À semelhança do golpe de 1964, o golpe de 2016, excetuando a participação dos militares, os demais atores são os mesmos: a grande mídia, os empresários e os banqueiros nacionais e internacionais, o latifúndio e os herdeiros políticos da velha UDN que, aliados a um congresso submisso, imputaram à presidenta Dilma Rousseff um crime de responsabilidade inexistente e, através de um GOLPE PARLAMENTAR, votaram o impeachment.

MILITAR E OU PARLAMENTAR GOLPE É GOLPE!

Outras semelhanças: com a deposição do Presidente João Goulart, acusado pelas classes dominantes de tentar implantar no Brasil uma República Sindicalista, os trabalhadores sofreram toda sorte de perseguição: perda da estabilidade, cassação de sindicalistas, intervenção nos sindicatos e federações, congelamento do salário mínimo, proibição de greves, além da perda de outros direitos assegurados na constituição.

Em 1964, Jango caiu porque defendia a necessidade de promover as Reformas de Base: agrária, bancária, universitária, fiscal, o controle das remessas de lucros pelas multinacionais, além da encampação das refinarias de petróleo particulares e a defesa dos direitos dos trabalhadores.

Em 2016 Dilma sofreu impeachment porque defendia a Petrobras e o monopólio da exploração do petróleo do Pré-Sal, era contra a privatização da Eletrobras, bem como outras empresas estratégicas para a defesa do País, além da manutenção dos direitos conquistados pelo povo, nos últimos anos do governo do povo.

Afastada a presidenta Dilma, os golpistas acobertados pelo vice traidor Temer, assaltaram o poder e implantaram o governo que liberou geral para os patrocinadores do golpe.

Voltaram as privatizações, as concessões (Pré-Sal), os trabalhadores mais uma vez foram penalizados, agora pela “deforma” trabalhista (terceirização), retirando direitos conquistados na constituição de 1988.

No fundo, a elite brasileira não admite o povo no poder. A elite prefere o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo e, todas as vezes que o povo elege um governante comprometido com o combate às desigualdades sociais, com a libertação do nosso País dos tentáculos do polvo capitalista, ela se levanta contra os defensores dos interesses da nossa gente, para preservar a sua herança donatária. Foi essa casta que “suicidou” Getúlio em 1954, que pressionou Jânio Quadros até a renúncia em 1961, que derrubou Jango em 1964 e que afastou Dilma em 2016.

“A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o povo seja independente” (Carta Testamento do Presidente Getúlio Vargas).

 

*Hari Alexandre Brust é membro da Executiva Estadual do PDT da Bahia.

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