Martha Rocha lidera CPI de combate à violência virtual contra mulheres


ALERJ
10/11/2023

Legislativo fluminense debate regulamentação de plataformas digitais e banco nacional de perfilamento criminal

A regulamentação das plataformas digitais e a criação de um banco nacional de perfilamento criminal foram as principais sugestões apresentadas pela jornalista investigativa Carla Albuquerque, nesta quinta-feira (09/11), em oitiva realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à Violência Cibernética Contra as Mulheres, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo ela, é necessário que os operadores e gestores das plataformas cooperem na investigação de crimes arquitetados de forma digital, e que sejam responsabilizados por isso.

“Já passou da hora de as plataformas serem reguladas, visto que elas têm um poder enorme de auxílio e colaboração às autoridades policiais. E quem tem cooperado são os jovens que estão infiltrados, que conseguem ajudar vítimas e muitas vezes impedir a realização de massacres virtuais. Também precisamos que as forças de segurança trabalhem juntamente com psiquiatras e psicólogos forenses, para criar uma base nacional de perfilamento criminal, para entendermos a motivação da prática desses delitos”, explicou Carla.

Para a presidente da CPI, deputada Martha Rocha (PDT), a polícia precisa se capacitar para investigar crimes cibernéticos e identificar os mentores intelectuais.

“Autores de crimes como roubo são facilmente identificados, mas autores de crimes digitais passam despercebidos pela sociedade e isso dá uma garantia de impunidade. É essencial que haja uma condução nacional de coleta de informações, a criação de um perfil, já que esses crimes têm várias ramificações territoriais, às vezes acontece no Sudeste, mas é incentivado por alguém que está no Nordeste. Ter um banco nacional de perfil criminológico pode ajudar muito no enfrentamento a essa violência”, destacou a parlamentar.

Falta de preparo no acolhimento

A terapeuta e idealizadora do projeto “Mulher solta tua voz”, Carolina Carvalho, abordou um outro aspecto nesse contexto dos ataques virtuais que é a falta de preparo no acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de violência cibernética, tanto por parte das famílias quanto em relação às instituições de educação, saúde e segurança. Também participante do debate, a historiadora e responsável pelo projeto, Helena Rossi, apontou que as mulheres precisam ser conscientizadas a respeito das violências que sofreram e que os profissionais que prestam atendimento a essas vítimas devem ter um olhar diferenciado.

“Nós queremos ir além de apenas fazer caridade através da distribuição de kits de higiene e da abordagem de temas como a pobreza menstrual. Queremos ajudar na criação de políticas públicas efetivas para proteger meninas e mulheres, visto que elas estão cada vez mais inseguras nas ruas, nas escolas, no trabalho e até em seus lares. Identificamos que, muitas vezes, profissionais que lidam com as vítimas percebem e identificam a violência, mas falta proteção principalmente em casos de violência familiar, por exemplo”, pontuou Helena.

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