Osvaldo Maneschy
23/02/2023
Desde o início da apuração do crime, a principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios foi a de execução
O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou ontem (22/2) através de portaria a abertura de investigação pela Polícia Federal para descobrir quem são os mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco no Centro do Rio de Janeiro ocorrido na noite de 14 de março de 2018, crime ocorrido há cinco anos, juntamente com o seu motorista Anderson Gomes. A Polícia Federal, segundo a portaria, investigará “todas as circunstâncias” dos assassinatos cujos executores já foram identificados e estão presos.A portaria assinada por Dino destaca que é atribuição da Polícia Federal “apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme”. Ao assumir o ministério da Justiça mês passado,
Flávio Dino, ex-juiz federal e ex-governador do Maranhão, garantiu a Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, que era questão de honra para ele punir os assassinos da vereadora.
Até hoje, há dois presos acusados do crime, mas os detalhes da motivação e do indivíduo ou indivíduos responsáveis – permanecem desconhecidos. Por volta das 21h30, no dia 14 de março de 2018, Marielle e Anderson foram baleados sete vezes enquanto estavam em um carro no caminho de volta de um evento do PSOL. Fernanda Chaves, então assessora de Marielle, que também estava no veículo, foi ferida apenas por estilhaços de vidro. Apesar do tempo, a investigação não continua em aberto, sem solução.
As investigações sobre o caso andaram de forma lenta e inúmeras mudanças foram feitas no comando dela apesar da crescente indignação pública. Desde o início da apuração do crime, a principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios foi a de execução. No início, o então Secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, Richard Nunes, determinou ampla investigação sobre o caso, com acompanhamento do chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa.
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Sabe-se que Lessa usou uma submetralhadora MP-5 com munição UZZ-18, conforme a Delegacia de Homicídios e o Ministério Público, também acredita-se que a arma tenha sido jogada no mar depois que Ronnie Lessa foi preso.
Em maio de 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para transferir a investigação sobre os assassinos de Marielle e seu motorista para a esfera federal. Os ministros da 3a. Seção entenderam que não havia indícios de inércia das autoridades estaduais, mas até agora – passados cinco anos, ainda não se sabe nada sobre os mandantes. Questão que Flávio Dino espera resolver agora.
Fontes: EBC, Estado de São Paulo e mídia