Treze anos sem Leonel Brizola – um dos maiores ícones do Trabalhismo


Por Elizângela Isaque
21/06/2017

No momento em que Brasil vive o caos político e econômico, inclusive à beira da aprovação de reformas que anulam importantes direitos da classe trabalhadora, e as ruas ecoam gritos por eleições “Diretas Já” e “Fora Temer”, o PDT, mais do que nunca, enaltece o nome de Leonel de Moura Brizola. Hoje, 21 de junho, já são 13 anos sem um dos maiores ícones do Trabalhismo, herdeiro político dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.

Gaúcho de nascença e nacionalista por ideologia, aos 82 anos, Brizola partiu, deixando como legado o PDT e uma atuação política cujo histórico reflete uma incansável luta em prol das classes menos favorecidas do País. Em 1962, por exemplo, quando foi eleito, pela primeira vez, a deputado federal pelo antigo estado da Guanabara, a marca de seus discursos era a defesa da implantação da reforma agrária e a distribuição de renda.

Com a deposição do presidente João Goulart pelos militares, em 1964, Brizola – que havia liderado a Campanha da Legalidade, para assegurar que Jango assumisse a Presidência, após o suicídio de Vargas–, teve que se exilar no Uruguai. De volta ao Brasil, em 1979, com a Lei da Anistia, Brizola sofreu mais um golpe, ao perder o PTB. Mas, no mesmo ano, o gaúcho deu a volta por cima e, em Portugal, liderou o encontro que originou  a Carta de Lisboa, documento que  pontua eixos primordiais do novo Trabalhismo.

Em 1980, Brizola e outros trabalhistas ilustres fundaram o PDT. E não demorou muito para que a veia aguerrida do agora pedetista voltasse a falar mais alto. Entre 1983 e 1984, ele voltou a se destacar no cenário nacional, dessa vez, como um dos protagonistas do movimento civil Diretas Já, que lutava pelo fim da ditadura militar, ao reivindicar a realização de eleições diretas para a Presidência da República no Brasil.

Educação
Único político a governar dois estados brasileiros diferentes – Rio Grande do Sul, de 1959 a 1963, e Rio de Janeiro, de 1983 a 1987 e de 1991 a 1994 – Brizola fez da luta por uma educação pública de qualidade uma grande marca de seu modelo de administração. No Rio de Janeiro, suas duas gestões consecutivas foram marcadas pela implementação dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps).

Praticamente abandonados pelos governos posteriores, os Cieps, projetados pelo arquiteto Oscar Niemayer e com um modelo educacional idealizado pelo antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro, representavam para as famílias de baixa renda do Rio a garantia de um futuro mais digno para centenas de crianças das comunidades carentes do estado.

Felizmente, o modelo de educação integral implementado nos Cieps de Brizola ainda está vivo dentro do PDT e tem sido colocado em prática por várias lideranças pedetistas, em diversas capitais do Brasil.

Além da luta pelos direitos fundamentais dos trabalhadores e por uma educação pública de qualidade, Brizola deixou como legado o Sambódromo do Rio de Janeiro. Também projetada por Oscar Niemeyer, ainda no primeiro governo do líder trabalhista, a Passarela do Samba, como a obra é conhecida, completou 33 anos este ano, reinando absoluta como palco dos anuais desfiles das escolas de samba cariocas, um espetáculo que atrai anualmente turistas de vários países.

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