Revolução de 30: seminário analisa legado trabalhista de Getúlio Vargas


Por Bruno Ribeiro / FLB-AP
05/10/2020

Debate virtual marcou a abertura do projeto que celebra os 90 anos do movimento popular e nacionalista

O protagonismo histórico do ex-presidente da República, Getúlio Vargas, foi o ponto central da abertura do seminário virtual em homenagem aos 90 anos da Revolução de 30. Iniciado nesta segunda-feira (5), o evento contou com o painel “De pé pelo Brasil” e foi transmitido no Facebook do Centro de Memória Trabalhista (CMT), organizador do projeto viabilizado pelo PDT e Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP).

Com a participação do jornalista José Augusto Ribeiro, da professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Maria Celina D’Araujo e da historiadora Rosa Maria Araújo, o debate aprofundou a análise sobre feitos progressistas que marcaram a trajetória de um dos maiores líderes do Trabalhismo no Brasil, principalmente após a efetivação do movimento popular e nacionalista, no dia 3 de outubro de 1930.

Diante do conjunto de atos desencadeados por operações militares, José Augusto Ribeiro resgatou a priorização do presidente para a implementação de um governo com justiça social e na saída da base agrária para uma realidade industrial.

“O problema mais urgente era o café, em função da crise da bolsa de Nova York, em 1929. Mas o mais importante, para Getúlio, era o da siderurgia, onde ele se comprometeu a investir no setor, que, posteriormente, garantiu a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)”, explicou, ao mencionar, em seguida, o fim da “farra das concessões do petróleo, que abriu caminho, no segundo governo de Vargas, para a criação da Petrobras”.

“Houve regressões provocadas por governos que se empenhavam em combater as realizações da ‘Era Vargas’. A ponto de, em 1 de janeiro de 2019, o novo governo que se empossava e presidido por Jair Bolsonaro, em seu primeiro ato, foi reorganizar a estrutura ministerial do país e extinguir o Ministério do Trabalho”, criticou, no complemento das suas intervenções mediadas pelo do cientista político e candidato a vereador no Rio, Everton Gomes.

Sobre a construção do Brasil contemporâneo, Maria Celina D’Araujo indicou que a Revolução é um marco na historiografia brasileira que garantiu não só o rompimento com o modelo político atuante, mas também com a forma de pensar o Estado pelo ideal desenvolvimentista.

“Como fato político, tem sido abordada, de vários ângulos, sobre o significado para o Brasil. Existe uma convergência de que ela promoveu uma reconstrução do país em novos patamares. Colocou abaixo o liberalismo elitista, limitado e excludente, pois era incapaz de se renovar”, disse, ao mencionar a visão condutora e fortalecida do governo getulista para desenvolver o potencial industrial da nação.

Ao mencionar os conceitos do economista, Celso Furtado, para avaliar o processo nacionalista, Rosa Maria Araújo indicou o progresso estrutural e os direitos e organismos federais criados, com destaque para a legislação trabalhista e o Ministério do Trabalho.

“Se o Brasil teve uma revolução, foi essa. Tivemos um progresso que nunca mais teve volta, pois se conseguiu chegar mais perto da cidadania, além de permitir um país industrializado e a neutralização das relações feudais”, comentou, citando a criação da Petrobras e o talento político de Getúlio para negociar e conciliar. Na sequência, acrescentar: “A revolução permitiu a Era Vargas, que foi sua volta, em 50, como presidente eleito.”

Programação

Nesta terça-feira (6), o presidente nacional do PDT e da FLB-AP, Carlos Lupi e Manoel Dias, respectivamente, abordarão a representatividade de Vargas para os direitos sociais. Denominado “Trabalhadores do Brasil”, o segundo painel enfatizará as conquistas desde o início da marcante gestão. Mediado pela professora e ambientalista do PDT de Minas Gerais, Duda Salabert, a atividade receberá ainda o senador, Jaques Wagner.

O ex-governador do Ceará e vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, liderará o encontro que marcará o encerramento da série. Na quinta-feira (8), a discussão, mediada pela vice-presidente estadual do PDT de São Paulo, Gleides Sodré, será sobre o “Desenvolvimentismo de Vargas” e também contará com as contribuições do doutor em economia e professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Beluzzo, e do geólogo e ex-diretor da Petrobras, Guilherme Estrella.

Acompanhe, na íntegra, pelo Facebook do CMT:

https://www.facebook.com/CentroDeMemoriaTrabalhista/videos/353842369362137/

Compartilhe: