Ação é fruto de uma parceria entre a Prefeitura, o Instituto Butantan e a Fiocruz. Até 850 profissionais de saúde podem participar do estudo, o primeiro do estado do Rio de Janeiro
Os primeiros profissionais de saúde voluntários começaram a participar dos testes de uma vacina contra a Covid-19 em Niterói (RJ). Através de uma parceria entre a Prefeitura, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que coordena o estudo inédito no estado do Rio, a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac Biotech, passa por ensaio clínico que irá avaliar a eficácia e a segurança da substância contra o novo coronavírus. Cerca de 800 pessoas já se cadastraram para participar da iniciativa e as inscrições permanecem abertas.
“Desde o início da pandemia, implantamos as medidas e projetos com base na ciência e nas melhores experiências internacionais para deter o avanço da Covid-19 em nossa cidade. Essas ações, como sanitização de comunidades, programas de auxílio à população em vulnerabilidade social, apoio às empresas, testagem massiva e construção do Hospital Oceânico, em conjunto com a conscientização da população, têm nos permitido vencer a batalha contra o coronavírus”, destaca o prefeito Rodrigo Neves.
“Niterói está na vanguarda, participando desse esforço da comunidade científica para a descoberta de uma vacina eficaz e segura contra a Covid-19. Hoje Niterói tem a menor taxa de letalidade da região metropolitana, menor taxa de ocupação de leitos e a pandemia sob controle.”
Niterói é a única cidade do Estado do Rio de Janeiro a participar do estudo, que tem outros 11 centros distribuídos pelo País. A CoronaVac será testada em nove mil voluntários no Brasil e destes, cerca de 850 serão da cidade.
“Participar desse projeto é muito gratificante para o município, que está contribuindo para o avanço científico. Desde o início da pandemia Niterói tomou medidas importantes de combate ao novo coronavírus. Acreditamos que em breve teremos bons resultados da pesquisa”, afirma o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Oliveira.
Uma das voluntárias em Niterói, a médica geriatra Marcelle Bastos trabalha na rede privada na cidade.
“Fiz o teste rápido de Covid-19, o PCR e o exame de sangue e recebi a primeira dose da vacina. Vou passar por um acompanhamento para verificar a eficácia da vacina. Espero poder ajudar a população que está precisando muito dessa vacina. A expectativa é que que ela seja segura e eficaz”, explica.
O anestesista Raphael Bastos também está participando do estudo. Ele recebeu a primeira dose da imunização.
“Acho muito importante contribuir para esse avanço da ciência. Agradeço à Prefeitura, à Fiocruz e ao Butantan pela iniciativa que pode salvar milhares de vidas. É a chance de erradicar essa moléstia”, disse.
De acordo com o Instituto Butantan, a vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Sinovac é uma das mais promissoras porque utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas. O laboratório já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.
Caso a vacina seja aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala industrial para fornecimento gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Inscrição
Os profissionais de saúde que pretendem ser voluntários não podem ter sofrido infecção provocada pelo novo coronavírus, não devem participar de outros estudos e não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é que não tenham doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.
Os interessados podem enviar e-mail para vacinacovid19vitalbrasil@gmail.com com o nome completo, um telefone para contato, ocupação e instituição. Vale ressaltar que, posteriormente, será necessário apresentar registro profissional e crachá da instituição na qual trabalha. A Secretaria Municipal de Saúde é a responsável pelo recrutamento, coleta de dados e amostras biológicas.
Os voluntários passarão por entrevistas e avaliações médicas e, caso concordem com os termos do estudo, receberão duas doses da vacina, com 14 dias de intervalo, e serão monitorados pelos pesquisadores por um ano para análise dos resultados sobre a eficácia da vacina e também sobre a existência ou não de possíveis reações adversas.