Darcy Ribeiro: “Ou dominamos o saber moderno, ou nós vamos ser recolonizados”


Bruno Ribeiro
26/10/2022

Centenário, o antropólogo e ex-senador do PDT salientou, no Roda Viva, seus pensamentos e conquistas

“Ou dominamos o saber moderno, ou nós vamos ser recolonizados”, alertou Darcy Ribeiro ao falar da criação em Campos dos Goytacazes (RJ), em 1993, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). No programa Roda Vida, da TV Cultura, em 1995, o antropólogo e ex-senador do PDT, que completaria 100 anos nesta quarta-feira (26), salientou seus pensamentos e conquistas.

“É uma universidade que eu chamo de terceiro milênio. Feita para dominar a ciência mais avançada, a tecnologia mais avançada. […] O mundo está mudando tanto, a ciência está mudando tanto, que é preciso fazer isso”, disse, em exaltação à instituição pública que incorporou, posteriormente, seu nome e foi instalada durante o segundo governo de Leonel Brizola.

Diante do potencial ofertado aos jovens, o pedetista equiparou a UENF ao exitoso projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), estruturado, também no Rio de Janeiro, para o ensino infantil através do formato integral. Criado na década de 80, as unidades proporcionavam não só educação, mas também esportes, assistência médica, alimentação e atividades culturais.

“Fiz coisas formidáveis. Escola para mil alunos”, relembrou, com um orgulhoso sorriso no rosto.

Análises

Ao mencionar o lançamento do livro “O povo brasileiro”, Darcy relatou que, durante 30 anos e 40 dias, analisou a conjuntura do país para achar estruturar respostas efetivas para os atrasos sistemáticos enraizados na sociedade brasileira.

“Tomei notas e estudei porque, quando eu comecei a fazer no exílio, eu queria saber por que o Brasil não deu certo, do ponto de vista do seu povo. […] Levei 30 anos escrevendo uma teoria geral do mundo, das Américas”, explicou.

“A convicção que eu chego é de que umas das coisas mais bela do mundo foi se fazendo a si mesmo. Um povo que constituiu um novo gênero humano. […] Fundir a herança genética e cultural índia, negra, europeia em um gênero novo, em uma coisa nova, que nunca houve. Isso é a aventura brasileira”, completou.

Para mais detalhes sobre a publicação, acesse aqui o curso produzido pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT) e disponibilizado na plataforma da Universidade aberta Leonel Brizola (ULB).

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