Pelo pensamento de Darcy Ribeiro, Bolsonaro é produto desastroso da ditadura militar


Bruno Ribeiro
26/10/2022

Análise do centenário pedetista mostra que o regime antidemocrático geraria sequelas por décadas

O centenário antropólogo e ex-senador do PDT, Darcy Ribeiro, disse na abertura do artigo “O desastre da ditadura”, publicado pelo jornal Folha de São Paulo em 26 de março de 1994, que “o Brasil atual é fruto e produto da ditadura militar”. Resgatado pelo Centro de Memória Trabalhista (CMT), o texto indicou uma projeção sobre os efeitos catastróficos do regime antidemocrático que, atualmente, é simbolizado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Para tanto, começou derrogando a Constituição, avassalando o Poder Legislativo e o Judiciário, anulando os direitos civis e as conquistas trabalhistas e submetendo a imprensa à censura. Perseguiu centenas de milhares de brasileiros presos, demitidos, cassados, exilados, torturados e assassinados. Submeteu toda a cidadania ao terrorismo de Estado”, detalhou o pedetista, que completaria 100 anos nesta quarta-feira (26).

No plano econômico, Darcy criticava “as diretrizes do privatismo e da irresponsabilidade social”, que “resultaram no enriquecimento mais escandaloso dos ricos e no empobrecimento mais perverso dos pobres”.

“Enquanto 20% dos brasileiros mais pobres viram comprimida a sua participação na renda nacional, que passou de 3,5% para 3,2%, de 1960 a 1980, a parcela dos 10% mais ricos elevou sua participação de 39,7% para 48,1%”, pontuou.

“O desemprego tornou a massa trabalhadora descartável. A miséria resultante desencadeou a fome, a violência e o abandono de milhões de crianças. […] A inflação galopante destruiu a moeda, submetendo nossa economia a uma dolarização desastrosa que acaba de ser oficializada”, completou.

Para o trabalhista mineiro, “a ditadura só caiu quando os oficiais das três Armas, sentindo a repulsa ao governo que mantinham, se envergonharam de usar seus uniformes nas ruas”. Como nos dias de hoje, o Palácio do Planalto fez a sociedade, na sua maioria, quase perder o sentimento de que o Brasil é “um país especial, com destino próprio e singular”.

“Uma geração de estadistas deixou de ser formada, abrindo espaço para os negocistas. Tamanhos foram os danos da ditadura, que só nos resta a esperança de uma reversão radical, que devolva aos brasileiros a ousadia de tudo repensar para reinventar o país que queremos”, concluiu.

Para conferir a íntegra do artigo, clique aqui.

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