Signatário da Carta de Lisboa e fundador do partido relata protagonismo de Leonel Brizola
“Renovação do trabalhismo”, classificou o cientista político Clóvis Brigagão ao avaliar a representatividade do PDT, partido que ajudou a fundar. No programa “Trabalhismo na História”, do Centro de Memória Trabalhista (CMT), o signatário da Carta de Lisboa analisou ainda o protagonismo de Leonel Brizola na redemocratização do Brasil. A entrevista para Henrique Matthiesen foi divulgada, nesta sexta-feira (24), no canal do órgão pedetista no Youtube.
Durante o exílio em Portugal, em 1978, Brigagão contou que teve a oportunidade de começar a conhecer a fundo o ex-governador do Rio Grande do Sul. A chegada ao país europeu simbolizou, para ambos, o último estágio antes da anistia.
No ano seguinte, participou, como secretário-executivo, do encontro de lideranças trabalhistas em Lisboa, capital portuguesa. Entre os presentes, Darcy Ribeiro e o secretário-geral do Partido Socialista Português, Mário Soares, que representava a Internacional Socialista.
Do evento internacional surgiu a Carta de Lisboa, documento que marcou a reorganização do trabalhismo diante do fim da ditadura militar. Posteriormente, em 1980, também serviu de balizador para a criação do PDT.
“[Incluiu] novos itens na política, como a questão do meio ambiente, da mulher e do negro. Nenhum outro partido antes havia colocado essas descrições”, pontuou, após contextualizar o processo de perda da sigla do PTB e estruturação do novo partido por Brizola.
Perfil
Autor do livro “Brizola”, que foi lançado, em 2015, em parceria com o advogado e também signatário da Carta de Lisboa, Trajano Ribeiro, o mineiro de Campestre relatou a sensibilidade que julga peculiar no líder trabalhista.
“Brizola era uma figura humana singular”, elogiou, a partir de detalhes resgatados dos anos de convivência diária.
“Ele montava e analisava a política a partir dos fenômenos da natureza. Eu sentia porque estava muito próximo, observava e queria escrever. Então é uma das coisas que acentuo e enfatizo [no livro]”, explicou.