Pedetista participou do Encontro de Lisboa ao lado dos trabalhistas que viviam no Brasil e no exílio
O jornalista e escritor Arthur José Poerner, fundador do PDT e signatário da Carta de Lisboa, morreu na noite desta quinta-feira (30/6) no Rio de Janeiro, aos 84 anos, e o velório e sepultamento serão realizados nesta sexta-feira (01/7), das 12 às 15h30m, na Capela 06 do Cemitério São João Batista. Ex-presidente do MIS e do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, em 1966, dois anos depois do golpe de 1964, Arthur Poerner foi cassado sendo o mais jovem brasileiro a ter os seus direitos políticos suspensos por 10 anos.
Em 1979, no exílio, Poerner participou do Encontro de Lisboa ao lado de Leonel Brizola e dos trabalhistas que viviam no Brasil e no exílio; e é um dos signatários da Carta de Lisboa e fundador do PDT. Quando estudante, antes do golpe de 64, aluno de Direito da Faculdade Nacional, participava ativamente do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco) e fazia a ponte entre o jornal e os estudantes. O que o motivou a publicar, em 1968, pela Editora Civilização Brasileira a sua mais importante obra, o livro “O Poder Jovem”.
Ativo na resistência à ditadura, no final dos anos 60 Poerner escrevia nos jornais “Correio da Manhã” e “Pasquim” até ser preso em 1970, em plena redação do “Correio da Manhã” e levado para o centro de torturas que funcionava na rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Após a prisão, foi obrigado a se exilar na Alemanha onde viveu por 14 anos, só voltando ao Brasil em 1984.
O seu livro “O Poder Jovem — História da participação política dos estudantes brasileiros”, publicado pela editora Civilização Brasileira, foi um dos primeiros a ser proibido pela ditadura logo após a decretação do AI-5. No exílio, na Alemanha, engajou-se na campanha pela Anistia.
De volta ao Brasil, assumiu a direção do MIS, começou a dar aulas de jornalismo na UERJ e também a trabalhar na Rede Globo, como editor de Cultura. Também voltou a militar na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na Comissão de Ética dos Meios de Comunicação, e fazer parte do Conselho Deliberativo da instituição.
Portelense, flamenguista e amante da boemia do Rio de Janeiro, Poerner escreveu também, em parceria com Paulinho da Viola e Sérgio Cabral, um livro em homenagem ao amigo Candeia. Com João do Vale, Baden Powell e Biafra – compôs canções gravadas por Cristina Buarque, Eliana Pitman e Vanja Orico.
Em dezembro de 2008, entrevistado pelo jornalista Bernardo Costa para o site da ABI, Arthur Poerner falou de sua prisão e sua passagem pelos porões do DOI-Codi, experiência que serviu de base escrever o romance “Nas profundas do inferno”, publicado na Espanha.
Leia a entrevista que ele deu, em 2008, ao jornalista Bernardo Costa:
http://www.abi.org.br/entrevista-arthur-poerner/
Fontes: Centro de Memória Trabalhista, redes sociais e ABI (foto de Samuel Iavelberg)