Morre no Rio Arthur José Poerner, fundador do PDT e amigo de Brizola


Osvaldo Maneschy
01/07/2022

Pedetista participou do Encontro de Lisboa ao lado dos trabalhistas que viviam no Brasil e no exílio

 

O jornalista e escritor Arthur José Poerner, fundador do PDT e signatário da Carta de Lisboa, morreu na noite desta quinta-feira (30/6) no Rio de Janeiro, aos 84 anos,  e o velório e sepultamento serão realizados nesta sexta-feira (01/7), das 12 às 15h30m, na Capela 06 do Cemitério São João Batista.  Ex-presidente do MIS e do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, em 1966, dois anos depois do golpe de 1964, Arthur Poerner foi  cassado sendo o mais jovem brasileiro a ter os seus direitos políticos suspensos por 10 anos.

 

Em 1979, no exílio, Poerner participou do Encontro de Lisboa ao lado de Leonel Brizola e dos trabalhistas que viviam no Brasil e no exílio; e é um dos signatários da Carta de Lisboa e fundador do PDT. Quando estudante, antes do golpe de 64, aluno de Direito da Faculdade Nacional, participava ativamente do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco) e fazia a ponte entre o jornal e os estudantes.  O que o motivou a publicar, em 1968, pela Editora Civilização Brasileira a sua mais importante obra, o livro “O Poder Jovem”.

 

Ativo na resistência à ditadura, no final dos anos 60 Poerner escrevia nos jornais “Correio da Manhã” e “Pasquim” até ser preso em 1970, em plena redação do “Correio da Manhã” e levado para o centro de torturas que funcionava na rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Após a prisão, foi obrigado a se exilar na Alemanha onde viveu por 14 anos, só voltando ao Brasil em 1984.

 

O seu livro “O Poder Jovem — História da participação política dos estudantes brasileiros”, publicado pela editora Civilização Brasileira, foi um dos primeiros a ser proibido pela ditadura logo após a decretação do  AI-5. No exílio, na Alemanha, engajou-se na campanha pela Anistia.

 De volta ao Brasil, assumiu a direção do MIS, começou a dar aulas de jornalismo na UERJ e também a trabalhar na Rede Globo,  como editor de Cultura. Também voltou a militar na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na Comissão de Ética dos Meios de Comunicação, e fazer parte do Conselho Deliberativo da instituição.

 

Portelense, flamenguista e amante da boemia do Rio de Janeiro, Poerner escreveu também, em parceria com Paulinho da Viola e Sérgio Cabral, um livro em homenagem ao amigo Candeia. Com João do Vale, Baden Powell e Biafra – compôs canções gravadas por Cristina Buarque, Eliana Pitman e Vanja Orico.

 

Em dezembro de 2008, entrevistado pelo jornalista Bernardo Costa para o site da ABI, Arthur Poerner falou de sua prisão  e sua passagem pelos porões do DOI-Codi, experiência que serviu de base escrever o romance  “Nas profundas do inferno”, publicado na Espanha.

 

Leia a entrevista que ele deu, em 2008, ao jornalista Bernardo Costa:

http://www.abi.org.br/entrevista-arthur-poerner/

 

Fontes: Centro de Memória Trabalhista, redes sociais e ABI (foto de Samuel Iavelberg)

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