Uso de ‘fake news’ por bolsonaristas é tema de discussão no Observatório da Democracia


Por Sammer Siman e Osvaldo Maneschy
27/05/2020

O ciclo de debates “Diálogos, Vida e Democracia” promovido pelas fundações de estudos de seis partidos políticos progressistas – PDT, PT, PSB, PCdoB, Cidadania e Pros – prosseguiu nesta quarta-feira com a mesa “Crise, Comunicação e Democracia” com participação do deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) e do senador e ex-ministro Humberto Costa (PT-PE), além dos também deputados federais David Miranda (PSOLRJ) e Lídice da Mata (PSB-BA) e da ex-candidata à vice-presidência da República, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).

A discussão teve a mediação de Henrique Mathiesen, coordenador do Centro de Memória Trabalhista do PDT e dirigente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (FLB-AP); e os interessados no conteúdo podem acessá-lo, na íntegra, através deste link.

Tendo em vista a hostilidade crescente de bolsonaristas ao trabalho da mídia no Palácio do Planalto, em Brasília com total aval do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da presidência da República (que deveria zelar pela segurança do trabalho da imprensa), a discussão ganhou esta semana nova importância – ainda mais quando grandes veículos de comunicação, por absoluta falta de segurança, decidiram deixar de cobrir a presidência.

O tema ganhou ainda mais relevância com o fato do Departamento da Polícia Federal ter iniciado, nesta quarta-feira, uma grande operação de busca e apreensão em vários estados – no combate a disseminação de fake News. Por conta do inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, a Polícia Federal (PF) está cumprindo nesta quarta-feira 29 mandados de busca e apreensão e entre os alvos dos ataques aos ministros do STF estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o blogueiro Allan dos Santos, o empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. As ordens judiciais assinadas pelo ministro Alexandre Moraes estão sendo cumpridas no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, no Paraná e em Santa Catarina.

Ontem, o centro do debate “Crise, Comunicação e Democracia” ficou por conta das fake news operadas a partir de esquema complexo de financiamento privado e público, ilegal, que nasceu com força na eleição presidencial de 2018, em apoio a Bolsonaro; e não foi desativado com o fim da eleição – sendo hoje importante apoio para as políticas do governo Bolsonaro. Uma verdadeira máquinas de mentiras e disseminação de ódio está funcionando a mil por hora mesmo no contexto de pandemia de Covid-19, a crise sanitária mais grave vivida pelo Brasil nos últimos 100 anos.
O discurso do governo se contrapõe ao da ciência e nega a realidade gritante e dramática do país que já contabiliza mais de 22 mil mortos e se tornou, esta semana, em campeão mundial de mortes diárias pelo Coronavírus – ultrapassando a trágica realidade dos Estados Unidos, hoje o epicentro mundial da pandemia.

Todos os participantes do debate mediador por Henrique Matthiesen foram unânimes em denunciar as fake news, ressaltando também a importância da CPMI do Congresso Nacional de enfrentamento a elas (ver aqui) – caminho fundamental para a construção de novos consensos na sociedade brasileira. Discutiu-se também de iniciativas para permitir uma inserção mais efetiva do campo progressista nas redes sociais, bem como a construção de outros mecanismos para punir legalmente o uso de fake news.

Amanhã, dia 28 de maio, às 14h30, acontece mais um debate sobre o tema” Comunicação”. O segundo do ciclo Diálogos, desta vez com o tema ‘Jornalismo, Comunicação e Política nas Redes Sociais’, mesa que será coordenada pela jornalista Renata Mielli, da Fundação Maurício Grabois, tendo como debatedores o premiado internacionalmente jornalista e fundador do portal “The Intercept” Glenn Greenwald; , do editor do blog Brasil 247 Leonardo Attuch e do jornalista e articulista da Revista Fórum , Renato Rovai.

A transmissão ocorrerá via canal do youtube do Observatório da Democracia, bem como em seu site, além de ser retransmitida também em diversos canais de redes a exemplo dos Facebook das fundações.

 

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