Trajano Ribeiro relata impacto do “Encontro de Lisboa” para fim da ditadura militar


Bruno Ribeiro
04/11/2022

“Acontecimento mais importante da história política do Brasil, naquele período”, avalia o trabalhista

Signatário da Carta de Lisboa e um dos fundadores do PDT, o advogado Trajano Ribeiro, que faleceu nesta terça-feira (28), declarou, durante entrevista para o “Trabalhismo na História”, do Centro de Memória Trabalhista (CMT), que o encontro de trabalhistas em Portugal, entre 15 e 17 de junho de 1979, representou um impacto significativo para o fim da ditadura militar brasileira, vigente de 1964 a 1985.

“O Encontro de Lisboa, sem dúvida, acendeu um sinal vermelho na ditadura. […] Foi um farol fortíssimo que acendeu, no cenário político brasileiro, e que prenunciava o retorno do Brizola com a possibilidade de dispor de um instrumento político fortíssimo, que era o PTB”, relatou, ao indicar todo o processo de mobilização de lideranças, incluindo os presentes no Brasil e os exilados espalhados por diversos continentes.

“Foi o acontecimento mais importante da história política do Brasil, naquele período, porque para lá foram as melhores cabeças para encontrar o Brizola no projeto de abertura democrática e de reestruturação do Trabalhismo”, completou, em diálogo com Henrique Matthiesen, coordenador do CMT.

Sobre o golpe civil-militar contra o presidente da República, João Goulart, Trajano Ribeiro é enfático ao classificá-lo como retaliação direta aos trabalhistas, que buscavam o progresso da nação a partir de reformas estruturantes, como as de base.

“O golpe não foi dado contra os comunistas, mas contra os trabalhistas. Tanto que a lista de cassações, desde a primeira até a última, estava cheia de gente do PTB”, comentou, relembrando nomes como Doutel de Andrade, vice-governador de Santa Catarina e deputado federal por este estado e pelo Rio de Janeiro entre as décadas de 50 e 60.

“O Brizola se revelava um perigo bárbaro para eles [militares]. E todo o processo de desconstrução da figura do Brizola, que foi desenvolvido pela ditadura com o auxílio da Globo, foi para evitar que o projeto, interrompido em 64, fosse retomado plenamente. O Brizola era o fio da história, naquele momento”, concluiu, ao ratificar a persistência do líder trabalhista até a criação do novo partido: o PDT, em 1980.

Para conferir a íntegra da entrevista, clique aqui.

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