PDT intensifica combate à tentativa de privatização dos Correios 


Da Redação
03/08/2021

Partido alega que venda gerará impacto direto na soberania nacional e no acesso aos serviços postais

Lideranças do PDT ratificaram, nesta terça-feira (3), a mobilização para combater, no Congresso Nacional, a tentativa de privatização dos Correios pelo governo Bolsonaro. Durante debate virtual promovido pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini no Rio de Janeiro (FLB-AP/RJ), foi detalhado a série de prejuízos do decreto presidencial.

O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, apontou que a inclusão da empresa no Programa Nacional de Desestatização (PND) afetará não só a abrangência dos serviços postais, mas também o acesso popular a uma série de produtos, como financeiros e tecnológicos. Com mais de 100 mil funcionários, os Correios estão presentes em todos os municípios brasileiros.

“Correios significam, na sua história, integração nacional, que não discrimina ricos dos pobres, pois chegam onde tem a necessidade da população. […] É uma instituição pública exemplar pelos seus funcionários, pela integração da nação e por dar lucro para a sociedade brasileira”, afirmou, em evento mediado pelo secretário nacional de Criatividade e Inovação e o diretor estadual de Formação Política da Fundação, Leonardo Lupi e Lucas Alvares, respectivamente.

“Nós vamos lutar, resistir, em todos os mecanismos: Congresso, Câmara e na Justiça. Estamos preparando ações duras para defender os Correios, que é patrimônio do povo brasileiros”, completou.

Ex-ministro das Comunicações, o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) apontou que dos 20 maiores países do mundo em extensão territorial, “o Brasil será o único a eventualmente ter a sua empresa de serviços postais 100% privatizada”.

“Nem os Estados Unidos, com a United States Postal Service (USPS), que é uma instituição, inclusive, que dá prejuízo, mas só que o prejuízo que ela dá é altamente compensável pelos grandes serviços que presta ao povo americano, principalmente para aqueles que moram em localidades mais remotas”, comparou, em crítica direta à manifestação do atual ministro das Comunicações, Fábio Faria, na noite de ontem (2) em rede nacional de rádio e televisão.

Ao indicar que 358 cidades geram o lucro para compensar despesas operacionais da companhia nos outros 5.200 municípios brasileiros, o parlamentar cearense questionou a necessidade e viabilidade da concessão, que classificou como “crime de lesa-pátria”.

“Qual a empresa privada que vai querer ter prejuízo em 5.200 municípios? Por mais que o Estado diga que vai ter uma universalização dos serviços postais, a gente sabe que isso tem prazo de validade. Se é para gastar dinheiro com empresa concessionária, que assim o faça com os Correios”, disse, ao indicar que um possível governo do pré-candidato pedetista, Ciro Gomes, possibilitará, em 2023, a restatização de propriedades indevidamente entregues.

Como ex-presidente dos Correios, o ex-deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA) relatou que o “lucro maior é o serviço prestado ao povo brasileiro”. Por isso, recordou o projeto de investimentos iniciado para reforçar a atuação nos mercados de e-commerce e logística, que teve resultado potencializado, principalmente desde o início da pandemia da Covid-19.

“Nós não queremos um Estado grande, absoluto ou mínimo. Nós queremos, como disse Ciro Gomes, um Estado necessário. E os Correios é esse Estado necessário para chegar a todos os brasileiros em todos os ‘rincões’ desse país”, assegurou, classificando a proposta de Bolsonaro como “indecente”.

O deputado federal Dr. Mário Heringer (PDT-MG) fez duras críticas ao interesse do governo Bolsonaro de obter recursos com o desfazimento de bens públicos essenciais. Para ele, “o Brasil perdeu o freio e a vergonha” com a existência de interesses escusos na gestão federal.

“O Brasil passa por um momento muito sério. Um governo desgovernado, com pessoas interessadas em levar vantagem. A manifestação do ministro das Comunicações é mais ambígua, pois elogia e fala que tem que vender”, indicou.

“Não há possibilidade nenhuma dessas empresas que estão pleiteando essa compra dos Correios, como a Amazon e algumas brasileiras, que provavelmente serão laranjas de empresas estrangeiras, de não buscar ganhar dinheiro”, acrescentou.

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