Nelson Marconi classifica venda do capital da Petrobras como erro histórico

Foto: Suamy Beydoun/Estadão

Por Bruno Ribeiro / FLB-AP
23/02/2021

Segundo economista, empresa estatal precisa estar alinhada a um projeto de desenvolvimento nacional

O economista Nelson Marconi avalia que as ofertas públicas iniciais (IPOs, em inglês) de ações da Petrobras, no mercado financeiro, foi uma ação equivocada dos últimos governos, pois mudou a razão da existência da maior empresa brasileira: o progresso nacional.

Iniciado, em 1997, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o processo transformou em empresa estatal de economia mista a atual líder mundial em tecnologia para a exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

Segundo Marconi, que é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e vice-presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), e que contribuiu diretamente na elaboração do plano de governo de Ciro Gomes, em 2018, a Petrobras “produz insumos estratégicos ao país e sua atuação deve estar alinhada a um projeto de desenvolvimento”, o que, na prática, não ocorre mais.

Elucidando o caminho ditado inclusive por Jair Bolsonaro, Marconi relembra que ouviu, de diretores na gestão Temer, que a empresa deveria produzir apenas óleo bruto, por ser mais rentável, e acompanhar a precificação flutuante do mercado internacional. Para ele, é o desvio da finalidade da companhia criada por Getúlio Vargas para contribuir com a evolução da nação e beneficiar, consequentemente, o cidadão.

“Os preços da Petrobras devem seguir seus custos e prever uma margem que garanta a rentabilidade necessária para fazer seus investimentos, modernizar-se e produzir bens de maior valor agregado. E não atuar como uma empresa que só pensa na remuneração dos acionistas”, defende, ao completar “Não é à toa que os presidentes da empresa caem por causa dessa política de preços maluca que acompanha as oscilações internacionais.”

E faz questão de condenar ainda a justificava da política vigente, que tenta vincular o “rentismo” de uma minoria, abastecida pela influência neoliberal estrangeira, a erros pregressos.

“Não venham dizer que a empresa tem que atuar da forma como vem fazendo devido as falcatruas anteriores. Falcatruas são falcatruas em qualquer modelo de empresa e devem ser sempre punidas. Não misturemos as coisas”, finalizou.

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