Lupi denuncia, na IS, tática de Bolsonaro de replicar violações de Trump


Bruno Ribeiro
08/07/2022

Presidente do PDT reforça combate às ameaças de ruptura democrática e enaltece pré-candidatura de Ciro

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, denunciou nesta sexta-feira (8), no encerramento da reunião do conselho da Internacional Socialista (IS), a tática do presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, de tentar replicar as ações ilegais do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a democracia. O líder trabalhista relatou a importância do presidenciável pedetista, Ciro Gomes, para o futuro da nação brasileira ao longo da reunião que integrou a série de agendas iniciadas, na última quarta-feira (6), na sede das Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça.

“O atual presidente faz um confronto direto com o poder judiciário, desrespeita a democracia e a toda hora nos ameaça com intervenção militar. Opondo-se a uma sociedade mais justa e fraterna que lutamos”, declarou, ao citar que a sigla fundada por Leonel Brizola fez uma representação, na Corte de Haia, para responsabilizar o ocupante do Palácio do Planalto por “omissão, negligência e mortes de centenas de milhares de brasileiros” na pandemia do coronavírus. 

“Nós não tememos ameaças. O meu partido é fruto da luta contra a ditadura, dos cassados e exilados pela ditadura e dos que sofreram para lutar contra a democracia. Nenhum ditador de plantão nos assusta com sua palavra torpe, boçal e ignorante”, garantiu o também vice-presidente da IS.


Para os membros de partidos políticos trabalhistas e social-democratas que integram a IS, da qual o PDT é associado desde 1989, Lupi abordou ainda que o Brasil vive o pior momento político, social e econômico desde o fim do regime militar, em 1964. A presente conjuntura do maior país da América Latina coincide com o avanço da direita representada pelo bolsonarismo, que foi fomentado pelas bases ligadas ao representante do partido Republicano americano.

“Isso não acontece por acaso. Na minha modesta opinião, isso começa com a eleição de Trump nos Estados Unidos, que foi o segundo fenômeno de rede social. O primeiro foi a eleição do Obama, negro, jovem, filho de africano e que representava uma revolução na sua própria eleição”, disse. 

“Trump utiliza o mesmo mecanismo de rede social, mas com fake news e criando uma espécie de modelo para acender nas pessoas o individualismo, o ódio, a homofobia, o racismo e ressaltando, cada vez mais, o individual se sobrepondo ao coletivo”, completou.

Perfil antidemocrático 

Ratificando a constante oposição feita pelos pedetistas para resguardar a Constituição e, consequentemente, garantir o Estado Democrático de Direito, Lupi classificou ainda Bolsonaro como o “estereótipo” da “direita no mundo”.  

“Um homem que trabalha 24 horas por dia contra a ciência, se nega a vacinar a população. […] Nós tivemos que fazer uma grande mobilização popular, com a colaboração da imprensa, para chegar a quase 88% dos brasileiros vacinados. E temos mais de 676 mil mortos”, enfatizou, ao completar: “Lamento, profundamente, estar em um país [Brasil] que está roubando os sonhos da nossa juventude e a esperança”.

“Quero alertar o mundo que isso não é um fenômeno que acontece só no Brasil. Está se espalhando, principalmente, pelo narcisismo. O culto ao poder, ao dinheiro e à posse está sufocando o sentimento da coletividade, da solidariedade, do amor ao ser humano”, evidenciou o pedetista, que liderou a aprovação de uma resolução sobre a paz mundial e de uma declaração em homenagem aos profissionais da saúde que lutam contra o Covid-19 (veja, ao final, na íntegra).

Eleições presidenciais

Sobre o pleito eleitoral brasileiro, que está programado para outubro, defendeu a pré-candidatura pedetista de Ciro Gomes a presidente como contraponto para destacar as diferenças na esquerda e “derrotar a direita”.

“São dois turnos no Brasil. É claro que, no primeiro turno, nós temos que acentuar nossas diferenças com o Lula, do PT. E por que eu quero ressaltar isso? Porque o Lula foi um bom presidente para os pobres, mas o Lula foi um melhor presidente ainda para o sistema financeiro, para os grandes grupos econômicos”, pontuou.

“O meu país é o que mais concentra renda no mundo. 5% da população brasileira detém a renda da 95% dos restantes dos brasileiros. Isso choca. O país que é o maior produtor de alimentos do mundo tem 40% da sua população subnutrida.  

Com confiança no Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), Lupi prevê a prisão do atual chefe da União após o término do mandato, em 2023.

“Nos libertaremos desse profeta da ignorância que está no Brasil: Jair Bolsonaro. E registrem: ainda o verei na cadeia porque o crime não pode compensar na humanidade”, concluiu. 

Caminho multilateral

Ao repudiar a invasão da Rússia ao território da Ucrânia, Lupi indicou que a IS deve intensificar o multilateralismo para ampliar a articulação para enfrentar, “com altivez, coragem e ousadia, aqueles que querem roubar os sonhos das novas gerações”. 

“O papel da Internacional Socialista é enfrentar essa direita. […] A luta pela democracia nos obriga a levar a cada cidadão do mundo uma luta multilateral. Nós temos que ser solidários em todo o tempo, em todo o momento, a todos os povos do mundo se sintam oprimidos. Contra qualquer guerra, seja pela tentativa americana de invadir a Venezuela e Cuba, seja pela Rússia invadindo e destruindo a Ucrânia. Nós somos pacíficos, humanitários e queremos o direito à vida com dignidade, amor e respeito à cidadania”, afirmou. 

A delegação do PDT contou ainda com as participações do líder da sigla na Câmara, deputado André Figueiredo; a presidente nacional da Ação da Mulher Trabalhista (AMT), Miguelina Vecchio; do vereador de Porto Alegre e secretário-adjunto de Relações Internacionais do partido, Márcio Bin Ely, e Flávia Menezes, também da AMT.

Manifestos 

Ao final, os participantes aprovaram, por sugestão de Lupi, uma resolução que condena a ocorrência de guerras, como a vigente no Leste Europeu, bem como estimula a mobilização para garantir a defesa dos direitos humanos, da paz e da soberania e interdependência dos povos. 

Conjuntamente, Lupi também mediou a validação da declaração que homenageia os profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia do coronavírus. 

Confira, abaixo, os documentos na integra: 

Resolução em favor da PAZ e contra Guerras

O Conselho da Internacional Socialista, reunido em Genebra nos dias 7 e 8 de julho de 2022. 

Constata que os prejuízos causados pelas guerras ao longo da história têm causado indescritíveis sofrimentos à humanidade.

Recorda a necessidade de uma ordem internacional baseada no Direito e amparada na defesa dos Direitos Humanos, na paz e na soberania e interdependência dos povos. 

Constata com preocupação a falta de mecanismos multilaterais de negociação e resolução de conflitos e a incapacidade de se evitar conflitos em determinadas regiões, como o caso da guerra na Ucrânia. 

Reitera a necessidade, do empenho e do compromisso de todas as nações, sob o risco de alguns poucos agentes contribuírem para um possível conflito mundial iminente.

Se une as Nações Unidas na salvaguarda da soberania das nações e de sua integridade territorial que deve ser um princípio basilar em um sistema internacional justo e orientado à manutenção da paz. 

Se solidariza com o povo ucraniano em sua luta pela liberdade.

Rechaça toda e qualquer iniciativa de invasão ou ocupação de territórios e países, por meio da força e de atividades bélicas ilegítimas.

Condena iniciativas que representem o uso da força e violência para desestabilizar a soberania dos povos, bem como a invasão de territórios e a propagação da guerra como maneira de imposição ilegítima de vontade.

Faz um chamamento em favor da paz mundial.


Declaração sobre a pandemia do COVID-19 e os profissionais da saúde 

O Conselho da Internacional Socialista reunido nos dias 7 e 8 de julho de 2022, em Genebra,  expressa sua solidariedade e apreco aos profissionais de saúde que, durante a pandemia da Covid-19, não mediram esforcos para salvar vidas.Recordando que os profissionais de saúde ocuparam a linha de frente no combate à covid-19. Nos momentos de pico da doença, esses profissionais enfrentaram condições de trabalho extenuantes e muitas vezes precisaram se desdobrar para cobrir a ausência de colegas, muitos dos quais perderam suas vidas para a doença. 

Reconhece que para evitar a contaminação, tiveram de se manter afastados de amigos e familiares. Nesse ambiente desolador, em muitos países os trabalhadores da saúde, como tantos outros trabalhadores, precisaram enfrentar as consequências financeiras da má gestão econômicas da pandemia. 

Reitera que essa situação apenas ressalta sua força de vontade e coragem, assim como sua vocação para cuidar das pessoas. A abnegação e o empenho desses profissionais salvaram incontáveis vidas. 

Expressa que esse esforço demonstrou todo o seu apreço e solidariedade aos doentes e acometidos pela COVID 19 em especial para com seus amigos e familiares.

Faz um chamamento aos governos em favor da vacinação, pois, em muitos países, o negacionismo contribuiu para atrasar e dificultar a vacinacao, como occorreu no Brasil por interferencia direta do Presidente da República.

Reitera sua solidariedade e seu compromisso com a luta concreta pela melhoria das condições de trabalho e de vida dos profissionais de saúde.

Compartilhe: