Artigo: “Igualdade entre homens e mulheres”, por Flávia Morais


Flávia Morais
08/03/2019

A semana do Dia Internacional da Mulher é o momento ideal para discutirmos as desigualdades consubstanciadas pelo gênero que ainda persistem no contexto social brasileiro, sobretudo na constituição familiar, no mercado de trabalho e no cenário político. Divulgado no ano passado, o relatório do Fórum Econômico Mundial sobre as disparidades entre homens e mulheres apontou que o País ocupa a 95ª posição em desigualdade de gênero.

O documento revelou ainda que, no ritmo atual, serão necessários dois séculos para o fim das diferenças no mercado de trabalho, por exemplo. O cenário parece desencorajador, entretanto devemos destacar que avançamos significativamente nas últimas décadas. Há 87 anos registramos a conquista do direito do voto feminino e a progressiva e forte inserção no mercado. Em seguida, passamos a ocupar cargos de destaque nas empresas.

Atualmente, chefiamos a maioria dos lares, conseguimos aprovar a lei Maria da Penha que aumentou o rigor nas punições para a violência doméstica e passamos a ter representatividade nos espaços de poder. Os resultados das últimas eleições ao cargo de deputado federal mostraram que houve um aumento de 51% na quantidade de mulheres no Congresso Nacional: das 513 cadeiras, 77 estão sendo ocupadas neste ano por mulheres. Em 2014, foram eleitas apenas 51 mulheres.

Referência sobre este assunto, um estudo do Grupo de Estudos de Gênero e Política da Universidade de São Paulo mostrou, entretanto, que as mulheres convivem com uma clara desigualdade na divisão do trabalho exercido no meio político. De acordo com a pesquisa, no Congresso os homens participam de pautas consideradas mais relevantes, como tributação e economia, e as mulheres são posicionadas em outros temas, como saúde e política social, evidenciando que as concepções do que é feminino e masculino ainda estão presentes em nosso imaginário. Além disso, muitos siglas não cumprem a lei que obriga a reserva de parte do Fundo Partidário para campanhas de suas candidatas.

Diante deste contexto, devemos compreender que precisamos seguir atuando para eliminar as diferentes formas de opressão que operam conjuntamente na produção das exclusões entre homens e mulheres, seja na política ou em qualquer outro ambiente social. Também devemos prevenir a violência de gênero e exigir que os serviços públicos atendam às necessidades das mulheres e meninas. Temos que estender as nossas mãos para que a justiça seja implacável na defesa dos nossos direitos. Somente desta forma é que avançaremos rumo à paridade entre homens e mulheres e celebraremos, de fato, a igualdade de oportunidades.

Flávia Morais, deputada federal por Goiás

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