Ciro acusa Bolsonaro de praticar “truque eleitoreiro criminoso” com redução do ICMS


Osvaldo Maneschy
14/06/2022

“Quer tirar da saúde e da educação dos estados para financiar o lucro da Petrobrás”, disse o pedetista

O pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes, em entrevista nesta segunda (13/6) ao podcast “O Assunto”, do G1, acusou  Bolsonaro de praticar “um truque eleitoreiro criminoso” ao tentar impor aos governos estaduais do país a redução do ICMS sobre os combustíveis “não para resolver o problema de forma definitiva, mas para atravessar o período eleitoral”.

“O que o governo Bolsonaro está propondo: tirar da saúde e da educação para financiar o lucro exorbitante do acionista minoritário (da Petrobrás), isto é um crime”, afirmou.  Ciro disse que usaria o 1º dia de mandato para revogar o PPI (preço de paridade internacional) adotado pela Petrobras. No lugar, a estatal passaria a realizar o que chamou de PPE (política de paridade de exportação), passando a repassar os custos de produção ao consumidor em real.

Disse também que publicará edital para recomprar títulos da estatal no mercado internacional em leilão reverso até reintegralizar 60% do controle sobre as ações.

“Vou reconvertê-la na maior empresa de energia limpa do mundo: hidrogênio verde, eólica, solar, porque ela tem a capacitação de capital, de engenharia e de liderança tecnológica que o Brasil precisa despertar”, afirmou.

Na entrevista Ciro voltou a criticar os dois principais adversários.

Sobre Lula, Ciro disse que o pré-candidato do PT foi um “bom presidente”, mas se “corrompeu”.  Em relação a Bolsonaro,  fez críticas inclusive a participação de militares da ativa  no governo. Afirmou que, se eleito, irá proibir a participação de militares da ativa em cargos políticos que só poderão assumir funções civis se antes forem para a reserva.

“O que está acontecendo? Tem 3,8 mil militares da ativa dobrando salário em cargos políticos. No meu governo, primeiro dia: ‘está proibido militar participar de cargo político’. É um cidadão como qualquer outro, mas deixe de ser militar e venha. Pode baixar para a reserva. Na ativa, você estar em cargo político? Sabe? É um negócio de doido. Estão transformado o Brasil em república de bananas”, disse Ciro.

Na entrevista disse também que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso errou ao convidar as Forças Armadas para participar do processo eleitoral deste ano — por meio da Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), liderada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, por conta das declarações de Bolsonaro contra urnas eletrônicas.

Na opinião de Ciro, não cabe às Forças Armadas opinar sobre eleições.

“O que não é razoável é envolver militar no processo eleitoral. Erro grave do ministro Barroso, erro do ministro da Defesa […]. De boa fé, ele cometeu um dos erros graves neste momento, ao convidar o Exército para entrar no processo eleitoral”, porque já cabe as Forças Armadas, no dia do pleito, garantir a segurança do pleito.

“As Forças Armadas participam dos pleitos como sempre fizeram, sob ordem da Justiça, em determinados lugares, onde se pede muita atenção. Eles são ali o fator de ordem para que a eleição ocorra com tranquilidade. Chamar o Exército para dar opinião sobre o processo eleitoral não tem nada a ver com as Forças Armadas. Isso é coisa de república da bananas.”

Ciro comparou uma possível vitória do ex-presidente Lula (PT) na eleição com a crise que culminou no suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Na conversa, disse que Lula “está longe de entender que o Brasil é outro” quando comparado ao País que ele encontrou em 2003, quando assumiu o seu primeiro mandato. Ciro também criticou as alianças do petista.

Perguntado sobre a criminalidade na Amazônia, depois do desaparecimento do jornalista inglês Dom Philipps e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, disse que a região virou uma “terra sem dono” e acusou as Forças Armadas de fazerem “vista grossa”.

Pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes (PDT) declarou que a morte de Genivaldo de Jesus Santos, vítima de asfixia durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal, é consequência de uma “bolsonarização de uma parte importante das polícias”.

Questionado sobre o que faria com os agentes responsáveis pela morte de Genivaldo, Ciro Gomes declarou que os policiais seriam “imediatamente afastados das suas funções, responderiam um inquérito administrativo para serem demitidos e tem que responder a júri. Porque cometeram crime doloso contra a vida”.  Ciro Gomes ainda disse que demitiria o superintendente da Polícia Rodoviária Federal e o Ministro da Justiça. Na sua opinião, é preciso criar uma cultura de exemplaridade e de tensão das instituições, para que o sistema funcione.

“Bolsonaro é organicamente ligado com as milícias do Rio de Janeiro. O Bolsonaro vai votar no impeachment e vota em um torturador bárbaro, o único que foi condenado pela Justiça. Se o presidente é assim, o que aconteceu com as polícias? Acontece isso, a bolsonarização de uma parte importante das polícias”, declarou.

Veja a íntegra da entrevista:

https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2022/06/14/em-entrevista-ao-g1-ciro-gomes-fala-sobre-preco-da-gasolina-militares-no-governo-e-relacao-com-o-congresso-veja-todos-os-trechos.ghtml

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