“Democracia de verdade é quando a cidadania se exercita”, disse Ciro no Roda Viva


Por Silmara Cossolino
29/05/2018

O pré-candidato à Presidência comentou a greve dos caminhoneiros e criticou a política de preços da Petrobras
O presidenciável Ciro Gomes participou na noite desta segunda-feira do programa Roda Vida. O pré-candidato pelo PDT teve a oportunidade de expor suas ideias, falar de seus projetos para o País e responder a perguntas dos entrevistadores.

Logo no primeiro bloco do programa, Ciro foi questionado sobre a greve dos caminhoneiros e se ele achava que poderia ser uma ameaça à democracia brasileira. Ciro descartou a possibilidade e disse que ela não existe.

“Claro que a gente precisa entender que interesses aproveitadores se encostaram. Mas a democracia de verdade é quando a cidadania se exercita, e quando se exercita contra poderosos e corruptos, como é o caso do momento brasileiro. Isso fortalece e não fere a democracia”, disse.

“O que vai ficando muito claro é o seguinte: o governo brasileiro impôs à sociedade nacional uma política de preços da Petrobras absolutamente fraudulenta. Esta política desconsidera o custo do barril do petróleo do Brasil e passa a cobrar como se o barril de petróleo brasileiro, que custa ao redor de US$ 17,00, fosse o custo do petróleo negociado no mercado especulativo do estrangeiro, que hoje está perto de US$ 90,00”, explicou.

Ao ser questionado se defenderia a política de controle de preços internos, afirmou que não. Para o pedetista, isso foi um erro do passado e que atualmente não serve ao País. Segundo ele, o que serve para uma empresa como a Petrobras é praticar uma matriz de custo absolutamente transparente.

“Ou seja, quanto custa produzir um litro de gasolina, mais a remuneração do investimento, mais a depreciação, mais o lucro em linha como os competidores equivalentes do estrangeiro. Isso significaria que o óleo diesel poderia estar, hoje, no máximo a R$ 3,00 se a gente praticasse essa estrutura de custo. E esta é a fraude”, ressaltou.

Na rodada de perguntas, feita pelos entrevistadores, Ciro foi questionado sobre a dependência do País do transporte rodoviário e quais propostas para estimular outras formas. Para Ciro, a ferrovia e a cabotagem se enquadram nos tipos de logísticas adequadas para escoar a produção brasileira.

“Evidentemente, o que o Brasil tem que fazer é retomar uma estratégia de produção e logística capaz de ser compatível com nossa geografia econômica”, apontou.

A Previdência Social foi outro tema posto em debate no programa. Ciro disse que o déficit da Previdência é real, mas não de R$ 180 bilhões. Disse que foi cerca de R$ 30 bilhões, o que já se anuncia como algo muito grave.

“O que eu quero dizer, relativizando o déficit, é que a DRU vai a R$ 180 bilhões, e isso não tem condições por esse caminho selvagem de cortar direito de pobre trabalhador. No Brasil, você tem um problema de que dois em cada cem dos beneficiários da Previdência levam quase um quarto de tudo. Só que essa gente, é gente poderosa do Brasil”, disse, explicando que defende um regime novo de capitalização público sob controle dos trabalhadores.

Ciro também respondeu sobre segurança e, ao ser questionado se seu programa contempla políticas públicas para combater a violência contra as mulheres – em especial por conta do feminicídio –, disse que, como candidato a chefe de Estado brasileiro, nenhum tema será considerado tabu.

“Todos serão tratados e o presidente da República não tomará parte prévia, mas estimulará o debate franco e aberto entre todos os grupos interessado no assunto e estimularei a tolerância e respeito à diversidade”.

Outros temas foram abordados como educação. Ciro disse que o município de Sobral, localizado no interior do Ceará, conta com o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Brasil e que no estado já há 77 das 100 melhores escolas fundamentais do País.

“Portanto, há de se encaminhar um projeto nacional em dois rumos, sendo o primeiro, a mudança de padrão de ensino. Hoje o ensino é o decoreba”, disse. “Portanto, precisamos motivar os professores para que eles se reestruturem e recriemos um paradigma pedagógico que seja capacitador do juízo crítico”, apontou.

No encerramento do programa, Ciro destacou a necessidade de recuperar a crença e a confiança de que o Brasil, pelo trabalho, pela dignidade, pela produção e pela indústria, vai virar o jogo. “Meu sonho é ver o Brasil feliz de novo.”

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