“Em vez de um Juruna, apresentaremos quatro” ao eleitorado, destaca o pré-candidato a presidente da República
O pré-candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, afirmou nesta terça-feira (19), Dia do Índio, que se em 1982 o PDT elegeu o cacique Mário Juruna como o primeiro deputado federal indígena do país – com total apoio de Leonel Brizola e de Darcy Ribeiro – na eleição deste ano, 2022, o PDT “em vez de um Juruna, vai apresentar quatro” ao eleitorado, Ciro se referia aos indígenas Daniel Mudukuru (São Paulo), Narúbia Werreira (Tocantins), Almir Suruí (Rondônia) e Lúcio Xavante (MT) – todos pré-candidatos a federal pelo PDT.
Na semana passada (12/4) o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, por sua vez, recebeu na sede do Diretório Nacional do PDT em Brasília os quatro indígenras pré-candidatos e disse que irá apoia-los na elaboração de um projeto específico para a população indígena no mesmo patamar do Plano Nacional de Desenvolvimento de Ciro.. Lupi recebeu os quatro pré-candidatos do partido que vieram acompanhados do presidente nacional do Movimento Indígena do PDT, Rafael Weree.
Para Rafael Weree, “o encontro foi muito produtivo e nossos pré-candidatos saíram satisfeitos, pois viram o presidente do PDT abraçar as suas candidaturas como um compromisso, além de prometer aproximar o Ciro Gomes ainda mais da causa. A expectativa é positiva”, destacou.
O legado do PDT junto à população indígena do Brasil, tem em seu histórico a atuação do cacique xavante Mário Juruna – primeiro índio eleito deputado federal no País, com mandato de 1983 a 1987.
Em meio aos debates sobre o Marco Temporal e da necessidade secular de demarcação de terras indígenas por parte do Estado brasileiro, a historiadora catarinense Alini Farias, publicou artigo “O indígena como protagonista de sua luta junto ao Estado: o caso Juruna e o ‘Estatuto do Não-Índio'”. Trabalho que reflete sobre a imperativa representação indígena nas decisões nacionais acerca de sua história, cultura e território.
Alini trata o Estatuto do Índio, publicado no Brasil em 1973, por “Estatuto do não índio”. Segundo a historiadora, é crucial que indígenas ocupem espaço de poder que lhes cabe e no artigo ela analisa o significado da legislatura do cacique xavante Mário Juruna:
“Juruna apresentou em 19 de abril de 1983 a PL 6617, “dispondo que a Funai seja administrada por um conselho diretor composto por pessoas apontadas por comunidades indígenas e que sejam criados conselhos indígenas para fiscalização da administração”. Desta forma, acrescentou Alini, Juruna “expressou uma tentativa e busca por soluções diferentes das atuais onde o Estado se sente legitimado a tutelar o indígena como um não-cidadão”.
Em 1982, Brizola e Darcy Ribeiro se empenharam pela eleição de Juruna porque consideravam fundamental que os indígenas brasileiros tivessem ao menos um representante no Congresso Nacional – o que efetivamente aconteceu com a eleição de Mário Juruna.