Ciro Gomes: “A maior coragem de Brizola foi lutar contra o sistema”


PDT Nacional
01/05/2022

Presidenciável  rememorou, na comemoração do centenário do fundador do PDT, conquistas e posicionou o partido frente Brasil atual

Na comemoração do centenário de Leonel Brizola, realizada neste domingo – 1º de maio –, na sede nacional do PDT, em Brasília, o pré-candidato à presidência da República e vice-presidente nacional do partido, Ciro Gomes, fez um discurso emocionado em reverência ao eterno líder trabalhista. O ex-governador do Ceará exaltou grandes virtudes e coragem do homenageado, com destaque à maior delas: o enfretamento ao stabelichment e ao sistema viciado e acomodado numa política econômica e social focada no neoliberalismo.

Leia abaixo a íntegra do discurso de Ciro Gomes.

Companheiras e companheiros,

Trabalhadoras e Trabalhadores,

Brizolistas de sempre,

brizolistas eternos!

 A trágica pandemia da Covid, que tanta morte, tanta dor e transtorno causou aos brasileiros, fez com que um destes transtornos, pelo menos, virasse uma feliz coincidência.

A coincidência de estarmos celebrando, hoje, no Dia do Trabalhador, a festa de cem anos de um dos maiores brasileiros de todos os tempos – e um dos maiores líderes trabalhistas de todas as épocas.

O pico da pandemia não permitiu que celebrássemos o aniversário do nosso líder no dia 22 de janeiro, mas a mão feliz do destino fez com que o seu -o nosso partido- transferisse esta festa para hoje, Dia do Trabalhador.

Desta forma, Leonel Brizola, um dos poucos humanos que teve o privilégio de escolher seu próprio nome, transforma-se, também, no primeiro grande trabalhador que teve seu aniversário trocado para o dia de glória do trabalho.

 Salve Brizola! Salve o Brasil! Salve o Trabalhador! Salve a Trabalhadora!

Celebrar Brizola neste dia é mais que uma coincidência!

Celebrar Brizola no Brasil de hoje é mais que uma necessidade.

É um símbolo de luta, de civismo e cidadania!

Em meio a tantas virtudes deste grande líder, eu gostaria de lembrar inicialmente quatro delas.

E mostrar como elas fazem falta no Brasil de hoje.

Bastaria a lembrança destas virtudes para mostrar a importância de levantarmos o nome e as bandeiras deste grande líder, neste tempo em que o Brasil tanto sofre, tanto perde e tanto se desvirtua.

Estas virtudes são o amor à pátria, o amor à democracia, o amor aos trabalhadores e o amor à educação.

Rendo preito, também, erguendo bem alto a minha voz, a três de suas coragens:

a coragem de lutar pelos mais fracos;

a coragem de enfrentar tormentas;

e a coragem de enfrentar a própria morte para defender os seus valores.

Para defender a democracia e para defender a sua pátria.

Foi esta coragem que o fez entrincheirar-se no Palácio Piratini, em 1961, utilizar a rádio Guaíba, e liderar o movimento garantista mais heroico e exitoso da nossa história mais recente, a lendária Rede da Legalidade.

Ele tinha armas nas mãos, porém a arma que usou foi a arma do verbo e da coragem!

Ele tinha simplórios sacos de areia para usar como escudo, mas o verdadeiro escudo antitanques que utilizou foi a força do convencimento, a força da Constituição, a força da verdade.

Com elas, não apenas convenceu e arregimentou a sociedade civil, mas também importantes comandos militares, que se uniram a ele na resistência ao golpe e garantiram a posse de João Goulart na presidência da República.

A força moral e política de Brizola paralisou os aviões da 5ª Zona Aérea, em Canoas, que haviam recebido ordem de bombardear o palácio.

A força moral e política de Brizola fez com que os tanques que saíram do quartel da Serraria não cercassem o Piratini, mas se dirigissem ao porto e ali ficassem intimidando navios da Marinha que ameaçavam bombardear o Piratini.

A coragem pessoal de Brizola fez com que ele respondesse com rebeldia ao telefonema ameaçador de Costa e Silva e bradasse: “General, ninguém vai dar golpe por telefone”.

A força moral e política de Brizola fez com que o Brasil desfrutasse de um novo governo trabalhista. 

Mas como na vida nem tudo são flores, um novo golpe, infelizmente, veio derrubar este governo, três anos depois, em 1964.

Para isso, usaram fuzis, fake news, dinheiro estrangeiro, submissão e conchavos espúrios no Congresso. 

 A ditadura militar durou 21 anos, teve cinco mandatos militares e se manteve -sob ferro, fogo, tortura e censura- amparada por 16 atos institucionais que feriram e macularam a ordem democrática.

Lembrar, no Brasil de hoje, a saga de Brizola é mais que uma necessidade, trata-se de um dever de todo patriota.

Uma história cheia de vitórias, mas também com algumas derrotas. 

Mas sempre a história de um batalhador, de um guerreiro que nunca se rendeu, nem se intimidou.

Não por acaso, Brizola conseguiu o feito, até hoje não repetido por nenhum político brasileiro, de se eleger governador de dois estados diferentes. 

Dois estados dos mais importantes do Brasil: o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro.

Quero aproveitar a coincidência desta palavra tão fluídica e poética, “rio”, para usurpar, por breves momentos, os versos do grande Paulinho da Viola.

Para dizer que Brizola foi um rio de democracia que passou na minha, na sua, na vida dos brasileiros, e que nossos corações se deixaram levar por ele.

Esta corrente nos trouxe aqui hoje. 

E nos levará sempre na defesa intransigente dos trabalhadores e da democracia!

Nada nos deterá! Ninguém vai interromper a nossa marcha em favor do Brasil e do povo brasileiro!

Nenhum déspota, nenhum fascista, muito menos qualquer demagogo! 

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