Câmara homenageia Brizola e 30 anos da Carta de Lisboa

Câmara dos Deputados homenageia Leonel Brizola e os 30 anos da “Carta de Lisboa”

Documento escrito durante o exílio do ex-governador afirma os princípios e traça o perfil ideológico do PDT

A Câmara dos Deputados realizou sessão solene, nesta segunda-feira (22), em homenagem ao ex-governador Leonel de Moura Brizola, por ocasião da passagem do quinto aniversário de sua morte, ocorrida em 21 de junho de 2004, e para marcar os 30 anos da edição da Carta de Lisboa – documento considerado a “certidão de nascimento” do PDT. O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), presidente nacional em exercício da sigla, e o deputado Brizola Neto (RJ). líder da bancada, foram os proponentes da solenidade. Conforme Vieira, o ex-governador dedicou a sua vida à construção de um partido para ser o instrumento de luta dos trabalhadores, dos pobres e oprimidos, para dar prioridade à educação e para lutar pela soberania nacional. “Não há homenagem maior que se possa fazer a ele do que ser fiel a essa causa”, discursou.

Vieira da Cunha iniciou seu pronunciamento lembrando que recebeu a notícia da morte de Brizola quando estava em viagem oficial à China, na condição de presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, integrando uma comitiva liderada pelo então governador Germano Rigotto. Ele recordou que, ao tomar conhecimento da triste informação, comunicou ao governador Rigotto que estava se desligando da delegação para voltar imediatamente ao Brasil, a fim de participar das cerimônias fúnebres. “Não teria chegado em tempo para o velório, não fosse a multidão que queria se despedir do governador Brizola no Rio de Janeiro, fato que postergou por um dia a chegada do corpo a Porto Alegre”, relembrou Vieira. O pedetista assinalou que o Rio Grande do Sul também parou para se despedir do líder trabalhista. Enormes filas se formaram com pessoas de todos os lugares que queriam dizer adeus ao ex-governador. “Ali, no salão nobre do Palácio Piratini, repousava para a eternidade o grande Leonel de Moura Brizola”, exaltou 

“Certidão de Nascimento” do PDT

Citando a vereadora de Porto Alegre Juliana Brizola (PDT), neta do ex-governador, Vieira afirmou que “foi-se o mensageiro, mas ficou a mensagem”. Segundo o deputado, Brizola partiu, mas os seus ensinamentos ficaram para todos que sonham com um país mais justo, fraterno e igualitário. Ele salientou que na Carta de Lisboa, que completou no último dia 17 de junho 30 anos, Brizola, ainda no exílio, já declarava o seu firme propósito de construir um partido verdadeiramente nacional, popular e democrático. Já em 1978, o documento afirmava os princípios e desenhava o perfil ideológico da agremiação partidária que surgia para cumprir importante papel no cenário político nacional – hoje com 25 deputados federais, cinco Senadores, 342 Prefeitos, 3.459 Vereadores e mais de um milhão de filiados. “Brizola dedicou a sua vida à construção de um partido para ser o instrumento de conquista de dignidade para os trabalhadores, os pobres e oprimidos, para dar prioridade absoluta à educação e para lutar pela soberania nacional. Não há homenagem maior que se possa fazer a ele do que ser fiel a essa causa”, sustentou Vieira. 

Para Vieira, o momento de maior emoção foi quando o esquife de Brizola foi colocado num caminhão dos Bombeiros sob o aplauso de uma multidão que tomava conta da Praça da Matriz, debaixo de chuva, para deixar Porto Alegre em direção a São Borja. “A mesma praça que havia sido palco, em agosto de 1961, de um dos maiores movimentos cívico-populares da história do Brasil, despedia-se do seu grande líder”, destacou Vieira, referindo-se ao Movimento da Legalidade, quando o jovem governador gaúcho, então com apenas 39 anos de idade, mobilizou toda a nação em defesa da posse do vice-presidente da República, João Goulart, depois da renúncia de Jânio Quadros. “Essa, realmente, é uma das mais belas páginas da história do Brasil escrita por esses dois inesquecíveis e grandes homens públicos que foram Leonel de Moura Brizola e João Belchior Marques Goulart”, enfatizou Vieira.

O presidente nacional do PDT ressaltou que além do Movimento da Legalidade, o Governo Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul, foi marcado também pelo compromisso com a causa da educação. Ele sublinhou que, em apenas quatro anos, o trabalhista construiu 6.302 escolas. De acordo com Vieira, se hoje o RS ostenta a posição de um dos mais desenvolvidos estados da Federação, o fato se deve, certamente, àquele fabuloso plano do final da década de 50 que garantiu às crianças gaúchas o acesso universal à educação pública, gratuita e de qualidade. “Aliás, a educação era a causa do nosso homenageado”, reforçou. Vieira acrescentou que, posteriormente, nas duas vezes em que Brizola governou o Rio de Janeiro, ergueu no estado mais de 500 CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública, a escola de turno integral idealizada por Darcy Ribeiro e projetada por Oscar Niemeyer. “Aquela que tira a criança da rua, do caminho das drogas e do crime, resgatando-a socialmente, formando-a cidadã”, completou.

Finalizando, o pedetista enfatizou as principais qualidades do líder trabalhista, que, para ele foram a maneira sincera de ser, o respeito pela coisa pública, a coragem e a honradez, o amor pela Pátria, o espírito revolucionário, a indignação com a pobreza e a espoliação, e a firmeza de caráter. Estas são, para Vieira, marcas de um incomparável homem público. “Meu líder Leonel Brizola, que falta fazes! Que o teu exemplo de homem público honrado ilumine o cenário político! É o que todos nós desejamos, para o bem do Brasil”, concluiu.

Co-autor do requerimento para a realização da sessão solene, o líder do PDT na Câmara, Brizola Neto (RJ), também enalteceu as virtudes de seu avô. “Mais do que o deputado, talvez seja o neto que vem dar um pouco do seu testemunho dos anos em que tive a oportunidade, mais do que oportunidade, o privilégio de conviver com esse brasileiro, que, cinco anos depois da sua morte, é um exemplo a ser seguido por todos nós”. Conforme Brizola Neto, o ex-governador era um avô generoso, com o coração sempre aberto para acolher a sua família. “Mas era também um chefe duro e rigoroso. Um chefe que, acima de tudo, dava o seu exemplo”, declarou o líder do PDT, lembrando do tempo em que trabalhou na administração Brizola no RJ e quando chegava após as 7h30, o então governador já havia realizado muitas tarefas e o recebia dando “boa tarde”. Segundo Brizola Neto, seu avô dedicou-se à causa do povo brasileiro durante praticamente todos os dias da sua vida. “Desde a hora em que acordava até a hora em que ia dormir pensava em como melhorar este país, em como garantir melhorias para o nosso povo”, afirmou. 


Saudade que reverencia a história e constrói o futuro

O ministro do Trabalho e Emprego e presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi, disse que a solenidade era um momento difícil para ele por se tratar de um evento marcado pela saudade, mas que serve também para reverenciar a história. “E só tem saudade quem amou profundamente. Como nós amamos profundamente Leonel Brizola, temos muita saudade dele. A saudade, que é um sentimento forte que fica no coração da gente, alimenta a história que constrói o futuro”, declarou. De acordo com Lupi, Brizola não suportava olhar para traz, era um homem de vanguarda. Para o ministro, a vida de Brizola se identifica com a de milhões de brasileiros que querem justiça social, direito à dignidade, lutam para acabar com a miséria, com a fome, que não suportam mais ver tanta riqueza acumulada num país continental e com tanta pobreza. “Aos 82 anos de idade, parecia um guri, andando pelo Brasil, questionando a tudo e a todos, não se submetendo jamais aos poderosos. Esse era o Brizola, questionador, corajoso, ousado. Não temia nada nem ninguém. É esse o exemplo que temos que seguir, fazendo dele uma inspiração”, exortou Lupi.

Além de Vieira, Lupi e Brizola Neto, falaram durante a sessão solene o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), e o jornalista José Maria Rabelo, signatário da Carta de Lisboa. Compareceram à solenidade o secretário-geral nacional do PDT, Manoel Dias, o ex-deputado João Vicente Goulart – filho do ex-presidente João Goulart –, o deputado estadual de Minas Gerais Sebastião Helvécio (PDT), e o ex-deputado federal e ex-líder do Governo Jango na Câmara Ney Ortiz Borges. O plenário da Casa foi tomado por centenas de militantes da Juventude Socialista do PDT, bem como por integrantes e dirigentes do partido.

O ministro Carlos Lupi informou que o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou ato outorgando a Leonel Brizola a Comenda Post Mortem da Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas, a maior honraria do Ministério do Trabalho e Emprego.  (Leonel Rocha)

Câmara dos Deputados homenageia Leonel Brizola e os 30 anos da “Carta de Lisboa”

Documento escrito durante o exílio do ex-governador afirma os princípios e traça o perfil ideológico do PDT

A Câmara dos Deputados realizou sessão solene, nesta segunda-feira (22), em homenagem ao ex-governador Leonel de Moura Brizola, por ocasião da passagem do quinto aniversário de sua morte, ocorrida em 21 de junho de 2004, e para marcar os 30 anos da edição da Carta de Lisboa – documento considerado a “certidão de nascimento” do PDT. O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), presidente nacional em exercício da sigla, e o deputado Brizola Neto (RJ). líder da bancada, foram os proponentes da solenidade. Conforme Vieira, o ex-governador dedicou a sua vida à construção de um partido para ser o instrumento de luta dos trabalhadores, dos pobres e oprimidos, para dar prioridade à educação e para lutar pela soberania nacional. “Não há homenagem maior que se possa fazer a ele do que ser fiel a essa causa”, discursou.

Vieira da Cunha iniciou seu pronunciamento lembrando que recebeu a notícia da morte de Brizola quando estava em viagem oficial à China, na condição de presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, integrando uma comitiva liderada pelo então governador Germano Rigotto. Ele recordou que, ao tomar conhecimento da triste informação, comunicou ao governador Rigotto que estava se desligando da delegação para voltar imediatamente ao Brasil, a fim de participar das cerimônias fúnebres. “Não teria chegado em tempo para o velório, não fosse a multidão que queria se despedir do governador Brizola no Rio de Janeiro, fato que postergou por um dia a chegada do corpo a Porto Alegre”, relembrou Vieira. O pedetista assinalou que o Rio Grande do Sul também parou para se despedir do líder trabalhista. Enormes filas se formaram com pessoas de todos os lugares que queriam dizer adeus ao ex-governador. “Ali, no salão nobre do Palácio Piratini, repousava para a eternidade o grande Leonel de Moura Brizola”, exaltou 

“Certidão de Nascimento” do PDT

Citando a vereadora de Porto Alegre Juliana Brizola (PDT), neta do ex-governador, Vieira afirmou que “foi-se o mensageiro, mas ficou a mensagem”. Segundo o deputado, Brizola partiu, mas os seus ensinamentos ficaram para todos que sonham com um país mais justo, fraterno e igualitário. Ele salientou que na Carta de Lisboa, que completou no último dia 17 de junho 30 anos, Brizola, ainda no exílio, já declarava o seu firme propósito de construir um partido verdadeiramente nacional, popular e democrático. Já em 1978, o documento afirmava os princípios e desenhava o perfil ideológico da agremiação partidária que surgia para cumprir importante papel no cenário político nacional – hoje com 25 deputados federais, cinco Senadores, 342 Prefeitos, 3.459 Vereadores e mais de um milhão de filiados. “Brizola dedicou a sua vida à construção de um partido para ser o instrumento de conquista de dignidade para os trabalhadores, os pobres e oprimidos, para dar prioridade absoluta à educação e para lutar pela soberania nacional. Não há homenagem maior que se possa fazer a ele do que ser fiel a essa causa”, sustentou Vieira. 

Para Vieira, o momento de maior emoção foi quando o esquife de Brizola foi colocado num caminhão dos Bombeiros sob o aplauso de uma multidão que tomava conta da Praça da Matriz, debaixo de chuva, para deixar Porto Alegre em direção a São Borja. “A mesma praça que havia sido palco, em agosto de 1961, de um dos maiores movimentos cívico-populares da história do Brasil, despedia-se do seu grande líder”, destacou Vieira, referindo-se ao Movimento da Legalidade, quando o jovem governador gaúcho, então com apenas 39 anos de idade, mobilizou toda a nação em defesa da posse do vice-presidente da República, João Goulart, depois da renúncia de Jânio Quadros. “Essa, realmente, é uma das mais belas páginas da história do Brasil escrita por esses dois inesquecíveis e grandes homens públicos que foram Leonel de Moura Brizola e João Belchior Marques Goulart”, enfatizou Vieira.

O presidente nacional do PDT ressaltou que além do Movimento da Legalidade, o Governo Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul, foi marcado também pelo compromisso com a causa da educação. Ele sublinhou que, em apenas quatro anos, o trabalhista construiu 6.302 escolas. De acordo com Vieira, se hoje o RS ostenta a posição de um dos mais desenvolvidos estados da Federação, o fato se deve, certamente, àquele fabuloso plano do final da década de 50 que garantiu às crianças gaúchas o acesso universal à educação pública, gratuita e de qualidade. “Aliás, a educação era a causa do nosso homenageado”, reforçou. Vieira acrescentou que, posteriormente, nas duas vezes em que Brizola governou o Rio de Janeiro, ergueu no estado mais de 500 CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública, a escola de turno integral idealizada por Darcy Ribeiro e projetada por Oscar Niemeyer. “Aquela que tira a criança da rua, do caminho das drogas e do crime, resgatando-a socialmente, formando-a cidadã”, completou.

Finalizando, o pedetista enfatizou as principais qualidades do líder trabalhista, que, para ele foram a maneira sincera de ser, o respeito pela coisa pública, a coragem e a honradez, o amor pela Pátria, o espírito revolucionário, a indignação com a pobreza e a espoliação, e a firmeza de caráter. Estas são, para Vieira, marcas de um incomparável homem público. “Meu líder Leonel Brizola, que falta fazes! Que o teu exemplo de homem público honrado ilumine o cenário político! É o que todos nós desejamos, para o bem do Brasil”, concluiu.

Co-autor do requerimento para a realização da sessão solene, o líder do PDT na Câmara, Brizola Neto (RJ), também enalteceu as virtudes de seu avô. “Mais do que o deputado, talvez seja o neto que vem dar um pouco do seu testemunho dos anos em que tive a oportunidade, mais do que oportunidade, o privilégio de conviver com esse brasileiro, que, cinco anos depois da sua morte, é um exemplo a ser seguido por todos nós”. Conforme Brizola Neto, o ex-governador era um avô generoso, com o coração sempre aberto para acolher a sua família. “Mas era também um chefe duro e rigoroso. Um chefe que, acima de tudo, dava o seu exemplo”, declarou o líder do PDT, lembrando do tempo em que trabalhou na administração Brizola no RJ e quando chegava após as 7h30, o então governador já havia realizado muitas tarefas e o recebia dando “boa tarde”. Segundo Brizola Neto, seu avô dedicou-se à causa do povo brasileiro durante praticamente todos os dias da sua vida. “Desde a hora em que acordava até a hora em que ia dormir pensava em como melhorar este país, em como garantir melhorias para o nosso povo”, afirmou. 


Saudade que reverencia a história e constrói o futuro

O ministro do Trabalho e Emprego e presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi, disse que a solenidade era um momento difícil para ele por se tratar de um evento marcado pela saudade, mas que serve também para reverenciar a história. “E só tem saudade quem amou profundamente. Como nós amamos profundamente Leonel Brizola, temos muita saudade dele. A saudade, que é um sentimento forte que fica no coração da gente, alimenta a história que constrói o futuro”, declarou. De acordo com Lupi, Brizola não suportava olhar para traz, era um homem de vanguarda. Para o ministro, a vida de Brizola se identifica com a de milhões de brasileiros que querem justiça social, direito à dignidade, lutam para acabar com a miséria, com a fome, que não suportam mais ver tanta riqueza acumulada num país continental e com tanta pobreza. “Aos 82 anos de idade, parecia um guri, andando pelo Brasil, questionando a tudo e a todos, não se submetendo jamais aos poderosos. Esse era o Brizola, questionador, corajoso, ousado. Não temia nada nem ninguém. É esse o exemplo que temos que seguir, fazendo dele uma inspiração”, exortou Lupi.

Além de Vieira, Lupi e Brizola Neto, falaram durante a sessão solene o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), e o jornalista José Maria Rabelo, signatário da Carta de Lisboa. Compareceram à solenidade o secretário-geral nacional do PDT, Manoel Dias, o ex-deputado João Vicente Goulart – filho do ex-presidente João Goulart –, o deputado estadual de Minas Gerais Sebastião Helvécio (PDT), e o ex-deputado federal e ex-líder do Governo Jango na Câmara Ney Ortiz Borges. O plenário da Casa foi tomado por centenas de militantes da Juventude Socialista do PDT, bem como por integrantes e dirigentes do partido.

O ministro Carlos Lupi informou que o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou ato outorgando a Leonel Brizola a Comenda Post Mortem da Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas, a maior honraria do Ministério do Trabalho e Emprego.  (Leonel Rocha)

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