Governo pretende converter ações preferenciais da maior empresa brasileira em ordinárias
O governo pretende converter as ações preferenciais da Petrobrás em ordinárias e, assim, privatizar a maior empresa do Brasil diluindo o controle da União sobre ela. A informação é do jornal “Valor Econômico” desta terça-feira (21/6), segundo o qual “a privatização da Petrobrás é bandeira defendida pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e outros integrantes da ala liberal do governo”. A CNN, o jornal “O Globo” e o portal IG, além de outros veículos de comunicação, confirmaram o fato.
O aumento dos combustíveis anunciado na última sexta (17) pela Petrobrás criou ambiente para que Bolsonaro e Arthur Lira, presidente da Câmara, criem expectativa de que trabalham para conter os preços, “enquadrando” a Petrobrás. Mas Bolsonaro e Guedes, com ajuda de Lira, na verdade, avançam em direção à privatização. Porque isto também tira o governo, nesta véspera de eleição, do foco dos aumentos (que prejudicam a candidatura Bolsonaro).
Na Petrobrás, assumiu interinamente a presidência Fernando Borges, diretor nas áreas de exploração e produção, ligado aos que defendem a privatização da empresa – especialmente os lobistas ligados a petrolíferas estrangeiras que atuam no Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), onde Borges foi diretor de 2016 a 2020. Borges também é diretor da Associação Brasileira de Empresas de Exploração e Produção de Petróleo e Gás (Abep).
Segundo o jornalista Leandro Demori, ex-editor do blog “The Intercept” (de 2017 a 2022), com a renúncia de José Mauro Coelho da presidência da Petrobrás “Paulo Guedes está jogando a Petrobras no lixo e até que se possa saber mais, não posso deixar de imaginar que dentro do lixo exista gente de boca aberta, faminta por receber de mão beijada” a Petrobrás. Demori denunciou também que “o Governo está negociando com a Câmara um projeto que permita a União começar a se desfazer das ações da Petrobrás até perder o controle da empresa”, como fez com a Eletrobrás.
“Depois do derretimento da Petrobras causado pela Lava Jato, o plano agora é dar um golpe mortal nela”, destacou Demori em suas redes sociais. Na sua opinião, “a pressa parece evidente: todos no governo sabem que Bolsonaro tem grandes chances de perder a eleição”.