O ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel manifestou na última quinta-feira (28/4) na tribuna do Senado a sua solidariedade à presidente Dilma Rousseff pelo fato dela estar sofrendo neste momento uma tentativa de golpe de estado semelhante as que já ocorreram no Paraguai e Honduras, onde governos democraticamente eleitos, como o dela, foram afastados do poder por golpes de estado revestidos de aparente legalidade.
“Venho ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente na América Latina para que se respeite a continuidade da constituição e do direito do povo de viver em democracia. Há grandes dificuldades de um golpe de Estado, que já aconteceu em outros países do continente, como Honduras e Paraguai. Espero que saia o melhor deste recinto [o Senado] para o bem da democracia e da vida do povo do Brasil”, afirmou Esquivel.
Arquiteto, escultor e militantes de direitos humanos, o argentino discursou quando a sessão do Senado era presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS).
Esquivel ganhou o Nobel da Paz por conta de seu trabalho como coordenador, na década de 1970, da fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (Serpaj-AL) na cidade colombiana de Medelin. À época, a fundação difundiu o combate aos regimes militares da América do Sul por meio da “não-violência ativa”.
A fala de Esquivel irritou senadores golpistas, tendo um deles, Ataídes Oliveira (PSDB-TO) classificado de “inaceitável” a fala do Prêmio Nobel. Já o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), outro golpista, disse que o discurso de Esquivel “não foi por acaso”, mas planejado por governistas. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), ridiculamente questionou a concessão de palavra ao Nobel da Paz “que não é detentor de mandato parlamentar”.
Antes, a presidente Dilma Rousseff recebera no Palácio do Planalto o prêmio Nobel da Paz, onde ele esteve “para manifestar solidariedade” a presidente. O encontro durou cerca de 40 minutos e ao término Esquivel disse aos jornalistas que para ele é “muito claro” que está em curso no Brasil um “golpe de Estado, encoberto”. Ele comparou a ação da direita brasileira aos processos de destituição dos ex-presidentes do Paraguai Fernando Lugo, em 2012, e de Honduras Manuel Zelaya, em 2005.
“Dissemos à presidenta que viemos dar solidariedade e apoio a ela e para que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria, não só para o povo brasileiro, mas para toda a América Latina, um retrocesso muito grave”, afirmou.
Golpe: Nobel da Paz compara Brasil a Paraguai e Honduras
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