Petrobrás amplia prazo para tentar privatizar três refinarias do Brasil


Osvaldo Maneschy e Hora do Povo
18/07/2022

Bolsonaro insistem na “venda” das refinarias Abreu e Lima, Getúlio Vargas e Alberto Pasqualini

A Petrobrás  ampliou nesta sexta-feira 915/7) o prazo,  que terminou sem interessados na própria sexta-feira, para tentar entregar,  a preços irrisórios e danosos ao país,  mais três refinarias  – a Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, Presidente Getúlio Vargas, no Paraná; e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul – além de gasodutos e terminais; em “leilões” que na prática entregam as petrolíferas estrangeiras, concorrentes da Petrobrás, o patrimônio da empresa construído ao longo de décadas.

A informação foi publicada com destaque na página online do jornal “Hora do Povo” já que os veículos da grande mídia preferem ignorar o assunto.

Na corrida para desmontar o patrimônio da Petrobrás, o governo Bolsonaro divulgou que estendeu prazos para que  “investidores” se apresentem no processo de compra das três, bem como dos ativos logísticos integrados a elas, como unidades de refino, oleodutos e terminais. Um verdadeiro crime de lesa-pátria já que construir refinarias leva anos e junto com elas a Petrobrás está, também, entregando os mercados regionais que elas atendem.

As refinarias brasileiras foram construídas ao longo de décadas após a criação da Petrobrás porque, ao mesmo tempo em que iniciou pesquisas para ampliar a produção nacional de petróleo, a Petrobrás fez pesados investimentos nas refinarias para processar o petróleo importado por um barril de petróleo, refinado e transformado em combustíveis, multiplica por sete, aproximadamente, o seu valor.

Como não tínhamos petróleo próprio, a Petrobrás investiu maciçamente na construção das refinarias existentes que custaram bilhões de dólares e, agora, estão sendo privatizadas em negociatas escandalosas e danosas aos interesses nacionais.

No final de junho, a direção da Petrobrás havia reiniciado os processos de venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco,  da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; e da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, com prazo para que os potenciais compradores demonstrassem interesse no negócio até a última sexta.

Como não houve nenhuma manifestação de interesse, o governo entreguista de Bolsonaro agora trabalha com o prazo de até 29 de julho para que os compradores se apresentem e até 12 de agosto para assinar acordos de confidencialidade e declarações de conformidade, ou seja, entregar as refinarias que pertencem ao povo brasileiro.

O plano de desinvestimento em refino da Petrobrás – a venda do patrimônio da empresa — representa, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado. Entregues empresas estrangeiras – as que têm capital para comprá-las – essas refinarias agravam a dependência brasileira da importação de combustíveis, prejudicando o país como um todo.

De acordo com a Petrobrás, a Refinaria Abreu e Lima “é a mais moderna refinaria que já construímos e já contribui para atendermos a demanda nacional por derivados de petróleo. Dentre todas as refinarias brasileiras, A RNEST apresenta a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%), combustível essencial para a circulação de produtos e riquezas do país”.

A refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) é responsável por aproximadamente 12% da produção nacional de derivados de petróleo. Seus produtos atendem principalmente os mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

A Refinaria Alberto Pasqualini processa 32 mil m 3/dia e atende principalmente ao mercado regional, com foco na maximização da produção de óleo diesel.

É esse patrimônio que Bolsonaro quer entregar para os estrangeiros.

Com o Brasil precisando avançar no refino para nos tirar do quadro de dependência do mercado mundial, cada vez mais instável, o governo se desfaz de suas refinarias, entregando o refino ao capital especulativo estrangeiro, como no caso da refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás, na Bahia, que foi comprada pela Acelen – pertencente ao fundo árabe Mubadala Capital, que hoje vende o combustível mais caro do Brasil, como aponta o economista do Observatório Social da Petrobras (OSP), Eric Gil Dantas.

“A Refinaria Mataripe [antiga Rlam] está sob operação da Acelen desde dezembro do ano passado. Essa refinaria, quando era de propriedade da Petrobrás vendia gasolina em média 2 centavos mais barato do que as outras refinarias da estatal e o diesel em média 3 centavos mais barato (dados de 01/08/2019 até 29/09/2021). Após a privatização, a refinaria passou a ter preços bem mais elevados do que todas as outras, transformando-se na refinaria mais cara do país”, escreveu Dantas em seu recente artigo Efeito da Privatização de Refinarias da Petrobrás nos Preços Dos Combustíveis: Dois Cenários Possíveis”.

“A exceção de 13 dias ao longo de 2022, Mataripe sempre teve preços mais elevados do que a Petrobrás. Em média, ao longo do ano de 2022 a Acelen cobrou 8% a mais pela gasolina do que a estatal. Isto ocorre mais ou menos igual para o diesel. Em apenas 22 dias do ano a Acelen vendeu diesel abaixo do preço da Petrobrás. Na média, a Acelen vendeu diesel 6,7% mais caro do que a Petrobrás”, denunciou o economista que também é do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS).

O governo Bolsonaro privatizou também às refinarias Isaac Sabbá, no Amazonas, para o grupo Atem; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), para Grepar Participações; e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, para a canadense Forbes & Manhattan Resources Inc.

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