O esqueleto do passado bate à porta


Por Renata Viana
12/02/2019

O óbvio de que tudo tem fim, principalmente o dinheiro, é uma máxima elementar de qualquer pessoa sensata, mas a estranha força exercida pelo poder dos governantes parece que cega os mandatários de que as coisas são como são, e pronto.

O fracasso financeiro do Brasil, com o estimado débito primário superior a R$ 150 bilhões em 2019, só não é mais aterrorizante que a situação do estado de Mato Grosso, que entra no último ano da década com um rombo de R$ 1,7 bilhão e muito por se fazer em áreas estratégicas, como saúde e logística.

No Brasil, a prosperidade conquistada no início dos anos 2000 foi desperdiçada em programas sociais paternalistas, sem porta de saída e que teve na corrupção generalizada e institucionalizada, de mãos dadas com investimentos bilionários do BNDES em projetos duvidosos (para dizer o mínimo) nos países de alinhamento ideológico, levaram o cenário da economia nacional, já partir de 2011, a uma situação que era claramente danosa. Os efeitos da somatória de maus-tratos do dinheiro públicos puderam ser notados pelos agentes econômicos em 2012 e conquistaram seu ápice em 2014. O restante da história é conhecido e o saldo é hoje um déficit primário (dívida publica) que supera 80% do PIB nacional.

No estado, a situação está parcialmente descrita recente aprovada Lei Orçamentária Anual- LOA e a conta é bem complicada para se fechar. Se desde 2003, a folha salarial teve um acréscimo real de 695% entre 2003 e 2017 e a arrecadação um aumento de 381% no mesmo período, somado a um aumento de 251% no custeio da máquina, parece evidente que uma hora a conta iria chegar. E toda a sociedade iria pagar o alto custo da irresponsabilidade com que foi gerida a máquina pública, sem distinção de governos A ou B.

O salto da arrecadação em 2011 foi seguida pelo salto nas despesas salarias em 2012. Enquanto a arrecadação na oportunidade pulava de R$ R$ 10,6 milhões para R$ 13,3 milhões, no ano seguinte a folha saiu de R$ 9,4 milhões para R$ 11,2 milhões.

Os valores arrecadados pelo estado jamais foram negativos ou abaixo das expectativas. O setor produtivo de MT tem a monumental capacidade de gerar lucros em todos os momentos, mesmo nos mais adversos. O problema do estado tem sido, ao longo dos últimos governos, a falta de planejamento, de estratégias e racionalidade na despesa.

Agora, com a porteira arrombada, o setor produtivo é novamente acionado a dar sua cota de sacrifícios, piorando o quadro geral confiança de negócios no estado perante o cenário nacional, tratamos desse tema no artigo anterior “O Agronegócios no Ambiente de Negócios”. Fato que leva a uma alteração de planejamento e do desenvolvimento previsto para o setor.
É preciso urgente que o estado e a união repensem o planejamento, trabalhem com números reais, priorize os investimentos em campos estratégicos e permita que a iniciativa privada cresça sem os constantes chamamentos ao sacrifício por irresponsabilidade daqueles que deveriam nortear o crescimento e não a tungagem desmedida de quem trabalha.

A situação do Brasil e do Mato Grosso são cristalinas na certeza que o dinheiro é escasso e portanto deve ser racionalizado para que a sociedade como um todo não perca com a falta de atendimentos básicos, que os servidores não percam pela reposição a menor que os índices, que os investimentos tenham real sentido, porque de nada adianta todo o sacrifício e todas as incertezas lançadas agora para que lá na frente, após passada a tormenta, todos os erros cometidos no passado sejam repetidos, pois como vemos agora, os erros pretéritos cobram seu preço de todos, indistintamente e a fatura chega de uma forma ou de outra. Sãos os esqueletos do passado batendo a nossa porta como alma penada.

*Renata Viana é advogada, consultora política filiada à Associação Brasileira dos Consultores Políticos (ABCOP) e presidente da Ação da Mulher Socialista de Mato Grosso (AMT-MT).

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