Nos 60 anos do Comício da Central, seguem vivos sonhos do povo livre e Brasil soberano – Por Everton Gomes


Everton Gomes
13/03/2024

João Goulart manifestou seu compromisso inabalável com a justiça social 

Em 13 de março de 1964, o presidente João Goulart promoveu um de seus mais célebres discursos no Comício das Reformas – popularmente conhecido como o “Comício da Central”. Ali, naquele local histórico, onde milhares de brasileiros passam diariamente a caminho do trabalho, Jango manifestou seu compromisso inabalável com a justiça social e a soberania nacional.

As Reformas de Base, propostas no Congresso Nacional, por vias absolutamente democráticas, pretendiam emancipar nosso povo por meio do trabalho, da educação, do acesso à moradia e à terra e da participação política. Também pretendia um Brasil soberano, com a reforma fiscal, que limitaria a remessa de lucros das multinacionais ao exterior, evitando práticas predatórias em nosso território. Como em qualquer país civilizado e desenvolvido, quem viesse investir no Brasil, o faria para produzir e empregar, e não apenas para especular.

Naquele momento em que Jango se dirigiu à nação, a menos de um mês do golpe que solapou a democracia por mais de 20 anos em nosso país, o presidente da República, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Doutel de Andrade e outras lideranças trabalhistas, assinou decretos que aceleravam a Reforma Agrária, antiquíssima reinvindicação dos trabalhadores do campo e que, desde o Império, se pretendia realizar sem, contudo, sair do papel. Ou seja: Jango pretendia realizar no Brasil conquistas sociais que já eram uma realidade em todo o planeta, com a promoção da inclusão social e do desenvolvimento econômico dentro dos marcos do capitalismo.

Como bom trabalhista, e até mesmo como grande proprietário rural que foi, Jango não se opunha ao direito à propriedade privada. Queria, porém, democratizá-lo. E isso feriu os brios das forças do atraso nacionais e internacionais.

Passadas seis décadas, os velhos espantalhos do “comunismo” ainda são brandidos pela extrema direita, que fala grosso e esmurra a mesa para, no governo, agir de forma omissa, entreguista e subserviente. Não querem que o Brasil realize o que em todo o mundo já é, há séculos, considerado justo e razoável: o pleno emprego, a soberania nacional, a paz no campo, a proteção ao trabalhador.

É para realizar o Brasil que Jango sonhou que estou na política. Esse é o verdadeiro sentido do elo que entrelaça os que vieram antes, nós que estamos aqui e os que virão depois de nós. O “fio da história”, como dizia Brizola.

Os golpistas que derrubaram um governo democraticamente eleito em 1964 têm seus lugares entre os traidores da Pátria. Nós, que aqui estamos, seguimos vigilantes na defesa da soberania, da justiça social e da democracia.

*Everton Gomes é cientista político e secretário municipal de Trabalho e Renda do Rio de Janeiro.

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