Brasileiros vão às ruas pela democracia, por Dilma e para lembrar 64

Centenas de milhares de brasileiros foram ontem (31/3) às ruas em todo o país e nas principais capitais do mundo para se manifestar em defesa da democracia  e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff na maior e mais expressiva celebração do aniversário do golpe militar de 1964  que, há 52 anos, interrompeu a democracia no Brasil derrubando o governo constitucional do presidente João Goulart, herdeiro político de Getúlio Vargas.

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Praça da Sé, Centro de São Paulo.

Concentrações e grandes caminhadas que lembraram os movimento pela anistia e pelas eleições diretas, nas décadas de 70 e 80,  se realizaram em praticamente  todas as capitais e principais cidades do país, sendo as mais expressivas as realizadas na Praça da Sé, em São Paulo; no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro; e na Esplanada dos Ministérios em Brasília.

As palavras de ordem mais usadas pelos manifestantes foram “Não vai haver golpe”, em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff;  e “Abaixo a Rede Globo”, referencia ao noticiário tendencioso e parcial da maior rede de televisão do país – que boicotou totalmente as manifestações, ao contrário do que faz com os atos contra o governo – transmitidos ao vivo para incentivar a participação dos telespectadores.

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Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro.

Apesar do boicote da mídia, milhares de manifestantes atenderam a convocação para os atos feita por  movimentos sociais, centrais sindicais, partidos políticos de esquerda e defensores do mandato da presidente Dilma em geral. Além dos atos no Brasil, estimulados pelo PT e demais partidos políticos, inclusive o PDT, aliado de Dilma; se realizaram atos a favor da democracia e do mandato de Dilma em Buenos Aires, Paris, Nova Iorque, Berlim, Barcelona, Londres, Portugal, etc.

Na opinião de cientistas políticos, as manifestações mostram a consolidação da democracia brasileira, independente do posicionamento político dos participantes dos atos públicos. A cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCas) Maria do Socorro Sousa Braga, doutora em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, afirmou que as manifestações de ontem “fizeram parte da dinâmica democrática de ter uma maior expressão das diferentes demandas e diferentes pontos de vista”.

Para Maria do Socorro, as manifestações foram “uma demonstração de força de vontade de continuidade do governo e também uma demonstração de que não se concorda com essa forma absurda de querer tirar um governante que foi eleito pelas urnas democraticamente e contra quem não se possui prova nenhuma “.

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Fortaleza, Ceará.
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Manaus, ontem a tarde, antes de escurecer.

O dia escolhido foi importante, segundo a cientista política, porque no dia 31 de março de 1964, os militares tomaram o poder no Brasil por meio de um golpe de Estado e instauraram uma ditadura, cruel, que durou mais de 20 anos e mudou drasticamente a vida do país até ser extinta, já em meados dos anos 80. Embora o contexto seja diferente, para a cientista política, as manifestações de ontem foram uma forma das pessoas politizadas do Brasil expressarem simbolicamente que não concordam com a reprise de um golpe às instituições democráticas.

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Natal, Rio Grande do Norte.

 

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Paris, França.
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Berlim, Alemanha.
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Coimbra, Portugal.
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Barcelona, Espanha
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