Documento que simbolizou, em 1979, a reorganização do Trabalhismo, no Brasil, diante do processo de encerramento da ditadura militar, a Carta de Lisboa transformou a vida de diversos nacionalistas, incluindo Magnus Guimarães. Como signatário, o advogado e ex-deputado federal relata, na nova edição do Trabalhismo na História, momentos eternizados ao lado de Leonel Brizola e que contextualizam o progresso desta ideologia antes, durante e depois deste marco histórico.
Para o coordenador do Centro de Memória Trabalhista (CMT), Henrique Matthiesen, o pedetista gaúcho indicou que o movimento pela defesa dos direitos sociais e o progresso igualitário da nação desencadeou reações contrárias. Com isso, os militares concretizaram, na década de 60, a repressão e o combate ostensivo contra os militantes que
erguiam tais bandeiras. Aos julgados reacionários, três opções: prisão, morte ou exílio.
“A ditadura de 64 se impôs não apenas, e tão somente, sobre a sigla PTB – que foram nos tirar mais tarde -, mas quanto ao fundamento filosófico do Trabalhismo. Para eles não interessava a reforma de base, a defesa da estatização das empresas públicas para poder os trabalhadores e os pequenos e médios comerciantes poderem crescer na vida”, relatou.
“A pá de cal foram as reformas de base, rural e bancária, pegando a contribuição dos bancos e a remessa de lucros para o exterior. Aliás, desde aquela época, banco nunca pagou imposto. O resto todo foi pretexto”, completou.
Ao falar emocionado da
convivência com Brizola no exílio, Magnus citou a oportunidade de conhecer outras lideranças, como Celso Furtado e Neiva Moreira, que também encararam a opressão gerada pelos atos institucionais, bem como os prejuízos com os direitos suprimidos.
“Esses mesmos não aguentam ‘guarar’ o Rio Uruguai e ficar dois dias na Argentina, porque sentem saudade. E anos ficou Brizola (15 fora do país). E, nós, 20 anos sem votar, respondendo processo, sem fazer reunião e sendo patrulhado ideologicamente”, pontua.
Na sequência, Magnus menciona os passos do retorno dos exilados a partir de situações vivenciadas de perto, como a ida de Brizola à São Borja (RS), no dia 7 de setembro de 1979, que mobilizou mais de 6 mil pessoas na fazenda do ex-presidente João Goulart.
Comparação
Em um paralelo com os retrocessos do atual governo de Jair Bolsonaro, o pedetista condena o modelo de gestão baseado na redução do Estado e na oferta de setores e bens estratégicos nacionais para empresas estrangeiras.
“Vocês vão ver, agora, o preço que as gerações, que estão nascendo hoje, vão pagar pela descompostura moral, pelo entreguismo das nossas riquezas e pelo desmando”, comenta, ao criticar a entrega da soberania aos países estrangeiros, como os Estados Unidos.
Como forma de enfrentamento, Magnus propõe a integração do conteúdo gerado pelo Trabalhismo ao
viés proporcionado, principalmente, pela internet, que conquistou as novas gerações de brasileiros diante do ambiente virtual de interação.
“Nós temos que adaptar essa mensagem e proposta trabalhista, de acordo com a realidade tecnológica de agora,
para que o nosso discurso chegue na comunidade”, concluiu.
Confira a entrevista, na íntegra: