José Maria Rabelo relembra exílio e protagonismo de Brizola com Encontro de Lisboa


Da Redação
16/06/2021

Fundador do PDT, jornalista mineiro elogiou engajamento trabalhista para retorno ao Brasil democrático

Nos 42 anos do Encontro dos Trabalhistas do Brasil com os Trabalhistas no Exílio em Portugal, gerador da Carta de Lisboa, o jornalista e fundador do PDT José Maria Rabelo compartilhou lembranças de uma trajetória de lutas em prol da democracia e da justiça social. Lançada nesta terça-feira (15), a entrevista ocorreu no programa ‘Trabalhismo na História’, do Centro de Memória Trabalhista (CMT).

Aos 92 anos, o mineiro recordou a mobilização presencial de lideranças na capital portuguesa, entre 15 e 17 de junho de 1979, coordenada pelo então ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. De toda a Europa e continente americano, brasileiros buscaram intensificar a reorganização trabalhista, estimulada pelos sinais concretos do encerramento progressivo do golpe cívico-militar, que durava 15 anos.

“Voltar ao Brasil por voltar não tinha sentido. Então Brizola, que era o grande herdeiro do trabalhismo, teve a ideia de reorganizar o antigo PTB, de Getúlio Vargas. Começamos a trabalhar nesse sentido”, disse, durante a conversa com o coordenador do CMT, Henrique Matthiesen.

Sobre a pluralidade de pensamentos e posições, Rabelo fez questão de salientar a convergência para um objetivo central e o engajamento contra o regime vigente no Brasil.

“Eram grupos diferentes que se identificavam em um ponto comum: a oposição à ditadura. A ‘Carta de Lisboa’ é um apelo aos brasileiros para lutarem pela redemocratização”, explicou, com saudosismo por ter sido um dos principais redatores.

Realidade

Considerado um dos precursores da imprensa alternativa por ter criado o jornal “Binômio”, Rabelo fez questão de explicitar que nunca naturalizou a razão de viver na Bolívia, Chile e França.

“Nós nunca pensamos em deixar a luta no Brasil, tanto que fazíamos jornais, eventos e palestras lembrando a condição de exilados e a ditadura nos nossos países”, recordou.

“Muita gente pensa que o exílio é um passeio, uma festa. Muitos países não te recebem e você tem que bater à porta de outro país. É viver por conta própria. O exílio é uma prova muito dura, […] mas soubemos vencer. Voltamos ao Brasil enriquecidos com uma experiência extraordinária”, acrescentou.

Confira a íntegra da entrevista aqui.

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