Ciro Gomes: “Privatização da Eletrobras é um crime”


Bruno Ribeiro
23/05/2022

Líderes do PDT condenam entrega da empresa estatal de energia ao capital estrangeiro

“A privatização da Eletrobras é um crime”, criticou o pré-candidato a presidente da República pelo PDT, Ciro Gomes, após a aprovação, por sete votos a um, da venda das ações da estatal de energia pelo Tribunal de Contas da União (TCU). No plenário da Corte de Contas, nesta quarta-feira (18), votaram a favor o relator Aroldo Cedraz e mais seis ministros. O único voto contrário foi do ministro Vital do Rêgo.

“Quem foi que pediu isso, minha gente? Num país como o nosso, onde a energia é gerada principalmente pela água, essa privatização significa entregar ao capital estrangeiro o juízo de vida ou morte sobre nosso maior bem”, condenou o ex-ministro da Fazenda.

Ao alertar que a ação do governo de Jair Bolsonaro representa um novo ataque à soberania nacional, o pedetista afirmou que a companhia tem uma posição estratégica na retomada do desenvolvimento do país.

“Um mineral que está na base da vida, da produção, da agricultura, da indústria, da saúde pública, do saneamento. Isso é um assunto de defesa, de soberania! Esta luta não pode acabar. Precisamos nos unir em defesa de uma das nossas empresas mais estratégicas”, completou.

O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, ratificou a posição de Ciro ao classificar como “mais um golpe” e “crime” a articulação bolsonarista contra mais um patrimônio público. Segundo ele, o PDT entrará novamente no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o avanço do projeto liderado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

“A Eletrobras leva mais um golpe! Uma peça fundamental da soberania brasileira se encaminha agora para a iniciativa privada, atentando contra a função primordial de entregar ao povo energia barata e de qualidade. Não iremos nos calar!”, opinou.

“É mais um dos absurdos do governo Bolsonaro. Nós vamos recorrer, entrar com ação no Supremo. Já entramos com uma e vamos entrar com outra. Continuaremos lutando porque é o começo do fim de uma pátria que se construiu com autonomia e autossuficiência na área de energia”, completou, ao mencionar que a Petrobras será o próximo alvo dos bolsonaristas.

Com a pulverização de ações no mercado e a dissolução do controle, a participação da União na Eletrobras será reduzida de 72% para apenas 45%. Na véspera das eleições, o governo tenta acelerar o edital para que o processo ocorra até agosto deste ano.

Resistência no Congresso

Líder da Oposição na Câmara, o deputado pedetista Wolney Queiroz classificou como “desastre” a venda da maior empresa de energia elétrica da América Latina por “Bolsonaro e sua horda”.

“A luta contra a venda da Eletrobras é de todos os brasileiros, por um Brasil soberano, independente e que promova a universalização do acesso à energia elétrica. O povo brasileiro não precisa da privatização da Eletrobras, mas de emprego, direitos, comida no prato, política de preços de insumos energéticos pró-povo e não pró-mercado”, disse Queiroz.

Os deputados federais André Figueiredo, líder do PDT na Câmara, e Leônidas Cristino chamaram a atenção para o impacto negativo da ação bolsonarista no preço da energia no Brasil.

“A tarifa de energia pode subir 25% com a venda da Eletrobras, além de colocar em risco a soberania nacional, a segurança energética e potencializar os apagões no território brasileiro”, explicou Figueiredo.

“Aumento no preço da energia, mais desemprego e precarização do trabalho, perda do patrimônio nacional, geração mais cara de termelétricas, em vez da energia eólica. São efeitos da privatização da Eletrobras – crime de lesa-pátria, cometido por um governo entreguista”, acrescentou Cristino.

História trabalhista

Idealizada, em 1954, pelo presidente da República Getúlio Vargas, e criada, em 1962, por Jânio Quadros, a Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) enfrentou intensa oposição e precisou de sete anos para ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Com as subsidiárias Eletrobras CGT Eletrosul, Eletrobras Chesf, Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Eletronuclear e Eletrobras Furnas, além do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobras Cepel) e a Eletrobras Participações S.A. (Eletrobras Eletropar), a empresa formula estudos, projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações em todo o país.

Elo fundamental para a manutenção da soberania nacional, a estatal contribui decisivamente, ao longo de 60 anos, para a expansão da oferta de energia elétrica e o desenvolvimento do país através da liderança em geração e transmissão. Com destacada capacidade técnica, permite, portanto, que a matriz energética brasileira seja uma das mais limpas e renováveis do mundo.

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