Ciro condena privatização e rentismo da Petrobras através de Bolsonaro


Bruno Ribeiro
30/03/2022

Seminário do PDT com especialistas analisou política de preços, privatização e produção energética

“A Petrobras é do povo, é do Brasil”, disse o pré-candidato a presidente da República pelo PDT, Ciro Gomes, ao condenar, nesta quarta-feira (30), a política energética do governo Bolsonaro. Na Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), no Centro do Rio de Janeiro (RJ), o ex-ministro da Fazenda reuniu especialistas, em mesas temáticas, durante o seminário “Petrobrás não é problema. Petrobras é solução”.

“Petróleo é vida, soberania, tecnologia. É a capacidade do Brasil dizer ao mundo que nós somos uma nação soberana preocupada em desenvolver-se para superar a nossa maior chaga: a miséria, que está se expandindo de forma muito grave”, salientou Ciro, na abertura da atividade, que foi transmitida pelas suas redes sociais.

Ao detalhar, na sequência, a importância e a capacidade técnica da estatal para contribuir com o progresso da nação e a melhoria da qualidade de vida do povo a partir do Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), Ciro garantiu que o “o Brasil não precisa de mito ou salvador da pátria” para resolver a crise relacionada às fontes energéticas, como o gás de cozinha e os combustíveis.

“A Petrobras não é problema, como está perversamente transformada na opinião pública brasileira mais recentemente. A Petrobras é solução, como consta no título desse seminário, que é feito para o povo brasileiro”, apontou, exaltando o economista Nelson Marconi, coordenador do PND e do evento, e a nova cartilha “Legados Trabalhistas”, do Centro de Memória Trabalhista (CMT).

“O que o povo brasileiro precisa fazer é dominar a política. Obrigar que a polícia não seja um jogo de ódio e paixões explorando as suas angústias e esperanças despolitizadas. A política que é boa é aquela em que o povo incorpora as ideias e obriga todos os políticos a aplicar as corretas ao longo do tempo”, completou Ciro, indicando que levará decisões estratégicas para consulta popular em um futuro governo, o que proporcionará a devida legitimidade.

Contexto

Com foco na política de preços, o primeiro painel contou com intervenções do diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), economista Cláudio Oliveira, do professor da Universidade de São Paulo (USP), Gilberto Bercovici, e da diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Natália Russo. Em consonância, a crítica ao índice de Preço de Paridade Internacional (PPI), criado na gestão de Michel Temer e fortalecido na gestão bolsonarista.

“Mais uma vez, o presidente da República, mentindo despudoradamente ao povo brasileiro, simula que está incomodado com a política de preços [de preços], que ele é o responsável, e nomeia um novo e desqualificado quadro, cuja única tarefa, como lobista, é preparar a Petrobras para a morte final: a privatização”, relatou Ciro, garantindo que revogará a medida vigente.

“A Petrobras tem um dos menores custos de produção de um barril de petróleo enquanto o mundo hoje, suscetível a crises cíclicas, fala em 120, 120 dólares o barril. A nossa Petrobras, pela extraordinária excelência do seu corpo técnico, dos trabalhadores, dos petroleiros, que também estão representados aqui, consegue tirar um barril por até 10 dólares apensas”, detalhou.

Nelson Marconi mostrou que “da forma como vem sendo praticada, a política de preços é uma consequência, no fundo, do próprio modelo que foi adotado em relação, não só à gestão, mas à forma de condução da política de energia, principalmente dos combustíveis fósseis”.

“A mudança na política de preços da Petrobras requer uma revisão do modelo de produção. A gente passa novamente a produzir refino no país, atendo à necessidade, com o resíduo sendo importado”, alegou, propondo a utilização do preço de paridade de exportação, tendo como referência o preço de venda para o mercado externo.

Na segunda mesa, Ciro enfatizou as diferenças e consequências entre o controle público e a privatização parcial ou total da maior empresa do Brasil. Entre os participantes, o diretor de Relações Externas da ENEVA, Damian Popolo, o presidente do Instituto da Brasilidade, engenheiro Darc Costa, e o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), engenheiro Ricardo Maranhão.

Para Ciro, é determinante a “reversão da picaretagem que chamaram de privatização”, como ocorreu nos dutos, que serviram como um dos exemplos para condenar novamente a gestão imposta por Jair Bolsonaro.

“É um compromisso formal meu. Rever a BR Distribuidora, que foi vendida pelo preço de ações de varejo, o que é claramente uma fraude. A [refinaria] Landulpho Alves, que foi vendida criminosamente e subfaturada, gerando monopólio privado”, abordou, citando ainda a presença do deputado federal Paulo Ramos.

“Petróleo é um insumo estratégico que não pode estar submisso, como demonstrado aqui, à volatilidade da geopolítica internacional num país como o nosso, que adquiriu, a custo de muito sacrifício do nosso povo, a autossuficiência em petróleo”, acrescentou.

Intitulado “Energias do Futuro”, o painel de encerramento destacou a importância da Petrobras para o fomento de estratégias que unam os interesses do povo brasileiro e o processo de transição energética em curso no mundo, considerando, portanto, a redução progressiva do uso dos combustíveis fósseis com alto teor de carbono.

Ao lado dos professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Christiane Laidler e Luís Eduardo Dutra, além da diretora-executiva do Instituto Brasileiro do Petróleo, Fernanda Delgado, o pedetista argumentou que seu projeto inclui transformar a Petrobras na “maior e mais moderna companhia de energia limpa do mundo”.

“O petróleo sempre será uma matéria-prima fundamental para a petroquímica, resinas, fibras, remédios. Portanto, um complexo industrial do petróleo, do gás e da bioenergia é a aposta de futuro”, relatou.

“Avançar na direção oposta do que estão fazendo hoje. Não só o parque eólico, que ela se desfez, mas voltar pesadamente às energias eólica e solar. Verticalizando também o parque industrial para que essas expansões aconteçam e germinando também a autonomia tecnológica no Brasil. E o hidrogênio verde, que é a energia do futuro e a Petrobras tem toda a capacidade de liderar no mundo”, explicou.

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