29 de agosto de 1983: o dia em que a liberdade deu seu grito em FERRO’s

Poucos conhecem a história que aqui vamos contar.

Trata-se de uma história de luta e conquista a se desvendar.

É um fato desconhecido, daqueles de arrepiar.

Um grito de liberdade no Ferro's bar.

Com este singelo verso, começamos nossa história; um relembrado de luta daquelas que, na boemia paulista, iniciavam sua diversão, num bar localizado na região das cantinas italianas, onde muitas mulheres que ali frequentavam, com seus olhares caçadores à espreita, um contexto regado a bebida do ciúme, entre confusões e buscas, a diversão estava posta.

Um local daqueles de caçadores à noite, o StoneWall brasileiro, onde boêmios LGBTs se divertiam, e local preferido do delegado José Wilson Richetti para caçar e reprimir seu público na fase ditatorial, como forma de guetizar essa parcela humana.

Em um dia de sol, algumas mulheres pertencentes ao Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF) resolveram ali se reunir para apresentar um manifesto das mulheres lésbicas, pela proibição da venda de uma publicação que haviam desenvolvido para a conscientização de suas iguais, recebido como faziam nas noites boêmias, para distribuir seus panfletos em prol da visibilidade de seu grupo, no dia 19 de agosto de 1983.

De uma forma como nunca se viu, o proprietário daquele local, acostumado a receber esse público nas noites boêmias paulistanas, se exaltou, expulsando, com gritos as componentes da GALF daquele local, o que gerou uma revolta para ser imortalizada, em busca de direitos de igualdade e cidadania por esse povo.

Em meio a insultos, as lésbicas ali presentes se organizaram e começaram sua revolução.

Lideradas por uma guerreira, nominada Rosely Roth, ampliaram sua luta ao entardecer, com a vinda das demais frequentadores daquele local. A revolta seria massificada pelos demais gays, lésbicas, travestis e transexuais, dando início a uma luta por direitos de todo aquele público antes esquecido, a ausência do pertencimento ao local no qual se sentiam acolhidos, agora tidos como não bem-vindos.

Passados treze anos do acontecido, e, após o fim da repressão antes ocorrida, dá-se início ao I Seminário Nacional de Lésbicas – Senale, que imortalizaria a luta daquelas que mostraram sua força em meio à ditadura, decidindo que a data de realização do seminário, dia 29 de agosto, ficaria registrada como o "Dia Nacional da Visibilidade Lésbica".

Desde então, todo dia 29 de agosto serve para recordar.

Daquelas que, juntas, lutaram.

Por seus ideais feministas e femininos.

De ser e pertencer.

De acordar e lutar.

De levantar e gritar por seus direitos.

Em meados de 80, no Ferro's Bar.

 

Amanda Anderson é advogada, administradora, primeira vice-presidente transexual da União Nacional dos Estudantes MT/MS (UNE) e presidente nacional do PDT Diversidade.

Poucos conhecem a história que aqui vamos contar.

Trata-se de uma história de luta e conquista a se desvendar.

É um fato desconhecido, daqueles de arrepiar.

Um grito de liberdade no Ferro’s bar.

Com este singelo verso, começamos nossa história; um relembrado de luta daquelas que, na boemia paulista, iniciavam sua diversão, num bar localizado na região das cantinas italianas, onde muitas mulheres que ali frequentavam, com seus olhares caçadores à espreita, um contexto regado a bebida do ciúme, entre confusões e buscas, a diversão estava posta.

Um local daqueles de caçadores à noite, o StoneWall brasileiro, onde boêmios LGBTs se divertiam, e local preferido do delegado José Wilson Richetti para caçar e reprimir seu público na fase ditatorial, como forma de guetizar essa parcela humana.

Em um dia de sol, algumas mulheres pertencentes ao Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF) resolveram ali se reunir para apresentar um manifesto das mulheres lésbicas, pela proibição da venda de uma publicação que haviam desenvolvido para a conscientização de suas iguais, recebido como faziam nas noites boêmias, para distribuir seus panfletos em prol da visibilidade de seu grupo, no dia 19 de agosto de 1983.

De uma forma como nunca se viu, o proprietário daquele local, acostumado a receber esse público nas noites boêmias paulistanas, se exaltou, expulsando, com gritos as componentes da GALF daquele local, o que gerou uma revolta para ser imortalizada, em busca de direitos de igualdade e cidadania por esse povo.

Em meio a insultos, as lésbicas ali presentes se organizaram e começaram sua revolução.

Lideradas por uma guerreira, nominada Rosely Roth, ampliaram sua luta ao entardecer, com a vinda das demais frequentadores daquele local. A revolta seria massificada pelos demais gays, lésbicas, travestis e transexuais, dando início a uma luta por direitos de todo aquele público antes esquecido, a ausência do pertencimento ao local no qual se sentiam acolhidos, agora tidos como não bem-vindos.

Passados treze anos do acontecido, e, após o fim da repressão antes ocorrida, dá-se início ao I Seminário Nacional de Lésbicas – Senale, que imortalizaria a luta daquelas que mostraram sua força em meio à ditadura, decidindo que a data de realização do seminário, dia 29 de agosto, ficaria registrada como o “Dia Nacional da Visibilidade Lésbica”.

Desde então, todo dia 29 de agosto serve para recordar.

Daquelas que, juntas, lutaram.

Por seus ideais feministas e femininos.

De ser e pertencer.

De acordar e lutar.

De levantar e gritar por seus direitos.

Em meados de 80, no Ferro’s Bar.

 

Amanda Anderson é advogada, administradora, primeira vice-presidente transexual da União Nacional dos Estudantes MT/MS (UNE) e presidente nacional do PDT Diversidade.

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