“Vivemos um processo genocida”, disse Darcy Ribeiro no primeiro discurso no Senado


Por Bruno Ribeiro / PDT-RJ
20/03/2021

Há 30 anos, o pedetista mostrou que seu pensamento se tornaria cada vez mais atual no Brasil

“Exacerbo ao falar de genocídio? Lamentavelmente, eu não exagero”, indagava o recém-empossado senador pelo estado do Rio de Janeiro, Darcy Ribeiro (PDT), ao denunciar, em 20 março de 1991, o sistemático e progressivo ataque à vida do povo brasileiro. “Vivemos um processo genocida”, ratificou, no plenário.

Na sessão presidida pelo senador Mauro Benevides, pai do atual deputado federal licenciado pelo PDT do Ceará, Mauro Benevides Filho, o impacto das palavras do antropólogo despontava como um alerta para a manutenção do processo elitista de dilapidação e extermínio.

“O digo com dor, mas com o senso de responsabilidade de um brasileiro sensível ao drama do nosso povo. O digo, também, como antropólogo habituado a examinar os dramas humanos. Viemos, com efeito, um processo genocida que faz vítimas preferenciais entre as crianças, os velhos e as mulheres; entre os negros, os índios e os caboclos”, pontuou.

E tal realidade exposta segue sendo aprimorada, principalmente, no presente governo do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Estamos matando nosso povo. Nada há de mais espantoso, em nossa Pátria, do que o fato de que ninguém se rebele contra o horror de paisagem humana do Brasil de hoje. Estamos matando, martirizando, sangrando, degradando, destruindo nosso povo” , acrescentou.

De forma racional, Darcy traduziu o contexto de uma realidade estéril, que é retroalimentada pelos conceitos neoliberais dentro do círculo vicioso de perpetuação da opressão popular.

“Nunca, em nossa história, nos faltaram tanto a lucidez, a clarividência e a coragem indispensáveis para equacionar nossos problemas. Nunca foi tão escasso o sentido do bem comum, a noção do interesse público, que é o ponto de vista do povo inteiro”, disse.

Sobre o enfrentamento obrigatório pelas forças democráticas e socialmente responsáveis, o pedetista suscitou uma resposta do Congresso à Nação.

“O que não podemos fazer jamais, em dignidade, é calar diante desses desafios”, concluiu.

Confira aqui a íntegra da manifestação a partir do registro taquigráfico do Senado.

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