Petrobrás finaliza venda da usina de xisto de São Mateus (PR) no apagar das luzes


Osvaldo Maneschy
09/11/2022

Valor da ‘venda’ é pouco superior ao lucro da empresa em 2021

A direção da Petrobrás, neste apagar das luzes do governo Bolsonaro, entregou a preço vil  (US$ 41,6 milhões) a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) situada em o Mateus do Sul, no Paraná, para o grupo canadense Forbes & Manhattan Resources Inc.

Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), o valor da venda foi pouco maior do que o lucro da SIX ano passado; e menos da metade do que a Petrobrás desembolsou para sanar vidas antigas da empresa agora privatizada  – R$ 540 milhões (cerca de US$ 100 milhões).

A ‘negociata’, segundo nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP) citada na gina de internet da Aepet, foi finalizada na última sexta-feira (4/11), mas está sendo contestada com ações impetradas pela FUP que correm  em paralelo a denúncias  formalmente encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). A FUP espera que as duas instituições impeçam “que outro importante patrimônio nacional” parar nas os de estrangeiros.

A cobiça do grupo canadense pela SIX vem sendo denunciada pelo Sindipetro do Paraná e de Santa Catarina desde 2012. A FUP inclusive comandou greves contra a privatização da usina de xisto, luta que envolve espionagem industrial, cooptação de ex-funcionários, prevaricação, entre outras irregularidades. A luta o acabou, garante a FUP, por conta das ações  em tramitação e as denúncias formalizadas junto à CVM e ao TCU.

Os petroleiros também denunciam que a atual direção da Petrobrás “o levou em consideração a capacidade da Usina do Xisto de produzir insumos agrícolas e fertilizantes”, embora tenham sido gastos em pesquisas – em parceria com a Embrapa e a Iapar – cerca de US$ 20 milhões entre os anos de 2002 e 2015. Por conta dessa parceria, foram criados diversos subprodutos que podem ser aproveitados por setores agrários e industriais.

Entre esses subprodutos estão a ‘Água de Xisto’, usada como matéria-prima para  fertilizantes foliares; os ‘Finos de Xisto’, que podem ser aproveitados como combustível em termoelétrica para produção de cerâmica  – e na agricultura, como substrato para produção de mudas e ainda como matéria-prima para produção de fertilizantes lidos; o ‘Calcário de Xisto’, rico em lcio, magnésio, silício, enxofre e micronutrientes essenciais para adubos químicos; e o ‘Xisto Retortado’, que serve de base para fabricação de fertilizantes lidos.

Todos esses insumos estão em fase avançada nos seus respectivos processos de liberação para comercialização junto aos órgãos competentes. Portanto, podem auxiliar a diminuir a dependência do agronegócio brasileiro em relação aos fertilizantes importados, ainda mais diante das incertezas do mercado global diante da greve no leste europeu”, frisa a nota.

Para se ter ideia do potencial da SIX no setor, diariamente 7,8 mil toneladas de xisto retortado voltam às cavas da mina para recomposição das áreas de mineração. O grupo F&M, além de se apropriar dessa tecnologia agrícola desenvolvida pela Petrobrás, poderá explorar e comercializar todos os insumos da SIX.

No seu foco de atuação, a brica minera e processa cerca de 6 mil toneladas por dia de xisto, uma rocha sedimentar da qual é extraído aqui no Brasil, em petróleo e s, o equivalente a 4,7 mil barris/dia.   Apenas com essas operações, a SIX registrou lucro aproximado de R$ 300 milhões ano passado.   Além disto, o óleo de xisto tem sido uma alternativa encontrada pelos Estados Unidos diante dos preços internacionais de petróleo e o governo de Washington incentiva usinas de xisto.

Para rio Dal Zot, presidente da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), existem elementos mais que suficientes para barrar a privatização da Usina do Xisto.

Paulo Guedes, que entrega nossas refinarias e plataformas de Petróleo por 30% do que valem, quer entregar também as alternativas ao petróleo que o Brasil e a Petrobrás tem”, destacou  Dal Zot.
Mesmo que isto signifique quebrar a economia de o Mateus, que a usina de xisto é responsável pelo recolhimento para o município de 45% do ICMS e 50% do ISS”.

Com FUP, Aepet midia.

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