PDT defende soberania e exalta memória de Getúlio Vargas – Por Osvaldo Maneschy


Osvaldo Maneschy
18/08/2025

“A finalidade do Estado é promover a justiça social, mas não há justiça social sem desenvolvimento e não há desenvolvimento sem soberania”.

Getúlio Vargas

O projeto nacional da Era Vargas está mais atual do que nunca neste momento em que o Brasil é alvo do tarifaço de Donald Trump que, agora, sem segredos ou subterfúgios, repete a intervenção dos EUA nas questões internas do Brasil, como aconteceu em 1964, com a Operação Brother Sam.

A hora é de união contra os ataques à soberania do Brasil, ao governo e ao BRICs. Com este objetivo se reuniram dia (5/8) em Brasília (DF) dirigentes de sete partidos progressistas (PDT, PT, PV, PcdoB, PSOL, PSB e Rede ) e lançado manifesto condenando o tarifaço, reafirmando os compromissos dos partidos com o povo brasileiro, a democracia, e em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo da extrema direita nacional e internacional.

“Ao tentar punir o Brasil por suas escolhas internas, o presidente Donald Trump busca impedir que o Brasil exerça plenamente sua soberania sobre nossas riquezas e interferir em nossa liberdade de estabelecer relações diplomáticas com outras potências emergentes. Como Nação, sabemos defender aquilo que é inegociável. Não podemos deixar que outro país queira intervir no modo como a Justiça brasileira se posiciona”, destacou a nota assinada pelos partidos progressistas.

Nós do PDT, aliados ao Movimento em Defesa da Soberania Nacional (MDSN) e ao Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), este fundado por Barbosa Lima Sobrinho, há mais de 30 anos, apoiamos integralmente o ato público pelo Brasil que o Clube de Engenharia realizará no próximo dia 1º. de setembro em sua sede, no Centro do Rio de Janeiro.

Também apoiamos a realização do fórum que vai discutir questões fundamentais vinculadas à soberania nacional marcado para os dias 4 e 5 de setembro, também no Centro do Rio de Janeiro, nas sedes do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco, e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na rua Araújo Porto Alegre, Cinelândia.

Vargas, Jango e Brizola nos ensinaram que o objetivo do Estado é promover a Justiça Social, mas sem desenvolvimento não há justiça social e sem soberania não há desenvolvimento.

Apoiamos o fórum, além do ato no Clube de Engenharia, porque o momento exige discutir soberania à luz da comunicação e da informação popular diante da ação nefasta das big tecs; soberania à luz das questões que afetam ao mundo do trabalho e da livre iniciativa; soberania para o povo brasileiro se beneficiar de riquezas naturais como água, petróleo, nióbio, terras raras e tantas outras. Temos que discutir a sabotagem ao desenvolvimento nas décadas perdidas pós Era Vargas e, ainda, discutir caminhos para a defesa da soberania alcançar todo o país.

Como Brizola e Darcy Ribeiro, consideramos a Carta Testamento de Getúlio Vargas o maior documento político da História do Brasil,e é por isto que estaremos em São Borja neste 24 de agosto para leitura dela, como Brizola nos ensinou a fazer. Também a transcrevemos aqui não só para lembrar os 71 anos da morte de Getúlio, mas também a importância de sua Carta Testamento. Reverenciá-los é defender sempre a soberania do Brasil. Getúlio vive!

*Osvaldo Maneschy é membro da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-A) e do Movimento em Defesa da Soberania Nacional (MDSN)

Carta Testamento de Getúlio Vargas
(24/8/1954)

“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

“Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

“Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

“Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

“Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

“E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte.

“Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”

Getúlio Vargas