Niterói vai celebrar com shows os 50 anos do LP “Clube da Esquina”


Osvaldo Maneschy
03/08/2022

Evento foi idealizado pelo prefeito Axel Grael e pelo ex-presidente da Fundação de Arte de Niterói

Os 50 anos do LP duplo “Clube da Esquina”, o movimento mineiro que foi marco na música popular brasileira reunindo os compositores Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso e Toninho Horta, entre outros, serão celebrados em Niterói de 22 a 25 de setembro com uma série de shows por iniciativa da prefeitura. Foi na prainha de Piratininga, na região Oceânica de Niterói, que nasceram muitas das músicas do disco lançado em 1972.

Milton Nascimento trouxe Lô Borges e Beto Guedes para Niterói para planejar o disco, em casa alugada na Prainha de Piratininga, também chamada de Mar Azul, e foi lá que compuseram alguns dos vários sucessos que integram o disco e marcaram época. Para homenagear os 50 anos do lançamento, o prefeito Axel Grael e o ex-presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), Marcos Sabino, junto com a produtora Frances Pina, idealizaram a celebração.

Segundo Wagner Tiso, quando Milton, Lô Borges e Beto Guedes vieram para Niterói, passou também a vir com frequência à cidade e foi em Piratininga, na Prainha, que ele e Luiz Alves compuseram a música “Mar Azul”, que faz parte do disco.

A programação pelos 50 anos do “Clube da Esquina” inclui apresentações de Wagner Tiso e Toninho Horta, no dia 22 de setembro, no Teatro Municipal de Niterói; show de Lô Borges no Palco Mar Azul, que será montado na praia de Piratininga e, no mesmo palco, no dia seguinte, artistas niteroienses homenagearão Milton Nascimento com o show “Viva Milton, o nosso Bituca”. Na sequência, Beto Guedes também se apresentará no local.

No dia 25 de setembro, em São Francisco, na Praça do Rádio Amador, as celebrações se encerram com o show “Os sonhos não envelhecem” que reunirá Wagner Tiso, Beto Guedes, Toninho Horta e o grupo Som Imaginário.

“Retornar a Niterói agora, após tanto tempo, para celebrar os 50 anos do Clube da Esquina, será especial”, disse Tiso, lembrando que quando participou do “Clube da Esquina” já era profissional, mas em começo de carreira, recém-chegado de Minas, quando tudo era difícil.

O “Clube da Esquina” foi um movimento que reuniu músicos, compositores e letristas na década de 1960, em Belo Horizonte – entre eles Milton Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes e Márcio Borges.  Músicos inovadores e com sonoridade própria, fundindo Bossa Nova com elementos do jazz, do rock e da música folclórica dos negros e mineira, além de música erudita e música hispânica.

Nos anos 70, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na MPB pelo alto nível de suas composições. O Clube da Esquina nasceu da grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, na década de 1960. A amizade começou em 1963, depois que Milton chegou à capital para estudar e trabalhar, vindo de Três Pontas, indo morar no Edifício Levy, em BH, onde morava a família Borges. Para conversar sobre música e tocar, o pequeno grupo se reunia na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, daí o nome Clube da Esquina.

Além de Milton, Tiso e os irmãos Borges, Fernando Brant, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga também se reuniam para cantar no mesmo local.  Em 1972, após se tornar um dos maiores nomes da música brasileira, Milton Nascimento propôs à gravadora EMI-Odeon a produção de um álbum duplo, em que reuniria os músicos mineiros que já se destacavam. Milton então convidou Lô Borges e Beto Guedes para se reunirem no Rio, daí alugaram a casa na Prainha de Piratininga.

O álbum duplo inclui músicas, que viraram sucesso, como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “Tudo o Que Você Podia Ser”, “O Trem Azul”; “Paisagem da Janela”; “Saídas e Bandeiras Nº2”; “Cais”, “Nada Será Como Antes”, “Um Gosto de Sol”, “San Vicente”; “Cravo e Canela”, “Mar Azul”, além de músicas folclóricas de Minas.

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