Nas entrelinhas do Trabalhismo, a trajetória de Doutel de Andrade


FLB-AP
17/11/2017

“As sentenças da história podem tardar, mas são inexoráveis. E dia virá em que o império da lei e a vontade do povo hão de prevalecer”, declarou Doutel de Andrade (centro da foto), que hoje (17) completaria 97 anos. Com posicionamentos firmes e combativos, o advogado e jornalista exerceu os cargos de deputado federal e vice-governador de Santa Catarina. Ao lado de Leonel Brizola, fundou o PDT e conseguiu marcar sua trajetória nas trincheiras do trabalhismo a partir do legado de Getúlio Vargas e João Goulart (Jango) desde o originário PTB.

Durante sua vasta trajetória, teve a chance de relatar, em uma reportagem, o momento em que leu, em primeira mão, ao lado de Jango, então líder petebista, a Carta Testamento deixada por Vargas.

Já na ditadura, se manteve firme como principal articulador e defensor do ideário trabalhista no Brasil, além de ser o porta-voz informal de Goulart. Imponente, lia manifestos produzidos pelo presidente deposto recheados de duros ataques ao general Castelo Branco.

Na Câmara, após 25 anos, Doutel, como líder do PDT, foi para a tribuna fazer um apanhado único sobre os bastidores e realidades vividas ao passo da execução do golpe militar contra a democracia brasileira. No início do discurso proferido no dia 31 de março de 1989, logo ratificou a existência de provas sobre a atuação americana não só  na condução, mas também no planejamento de todo o processo de ruptura democrática.

“Hoje está provado documentadamente que ele foi elaborado e pensando nos Estados Unidos e desfechado a custa de’ dinheiro norte-americano que aqui foi injetado em profusão, inclusive nesta casa ajudando a que às suas cadeiras viessem’ representantes comprometidos com essas forças que, desta mentira tão violenta, interrompiam o processo de afirmação do Brasil como Nação e cultura”.

Essa conjuntura foi despertada pelas razões criadas pelo Trabalhismo desde a década de 30, com o governo de Vargas e o início da industrialização brasileira.

“Passa por Getúlio Vargas, pela sua gigantesca obra de governo, pela construção do moderno Estado brasileiro. Passa pelo avanço social, o avanço das forças trabalhistas, o avanço das forças trabalhadoras, na construção de uma sociedade mais humana, mais igualitária. Vargas também não pôde concluir a sua obra. Viu-se acuado pelas forças da reação, pelas mesmas forças que posteriormente levariam João Goulart ao exílio e, numa madrugada, acossado, deu tiro no coração e desertou a vida”, afirmou.

Leia matéria na íntegra aqui.

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