Martha Rocha: “Por mais mulheres na política”


Martha Rocha
07/06/2022

O fato é: não haverá mudanças para melhor sem as mulheres na linha de frente. A mulher precisa e deve, cada vez mais, participar da vida política como protagonista das suas reivindicações

Mesmo com avanços nos últimos anos, em que importantes pautas femininas ganharam destaque no cenário político, como violência de gênero, carreira, maternidade e equiparação salarial, as mulheres ainda não têm a devida representatividade na política. E a matemática é simples: enquanto elas não fizerem parte destes espaços, suas demandas serão deixadas em segundo plano.

Reconhecer a necessidade da mulher na política é antes de mais nada um movimento necessário para equilibrar visões e reduzir as desigualdades sociais e de gênero. As mulheres, naturalmente, trazem novas narrativas e um olhar mais cuidadoso e democrático sobre questões públicas que afetam o cotidiano de todos nós.

A equidade de gênero na política, no entanto, é importante não apenas para as mulheres; tem também reflexo positivo para toda a sociedade. E quando eu falo em política não estou me referindo apenas aos cargos do Legislativo ou Executivo. A mulher pode ser o que ela quiser. Sem mandato eletivo, ela pode participar politicamente de associações, de organizações não governamentais ou de movimentos populares. O importante é ocupar espaços de poder e de voz.

É perceptível que a participação feminina nestes lugares vem aumentando, mas ainda precisamos progredir muito. A tarefa não é nada fácil, mas acredito que a única forma que as mulheres têm de conquistar o protagonismo é mostrando que estão conscientes do seu papel.

Em fevereiro deste ano, comemoramos os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil. Mas a vitória do voto passou longe de representar uma igualdade mais efetiva entre homens e mulheres no cenário da política.

A representação das mulheres continua terrivelmente desproporcional nos parlamentos e nos cargos executivos. Segundo a ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulheres) e o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Brasil ocupa o antepenúltimo lugar entre países latino-americanos no ranking de paridade política entre homens e mulheres. O mais curioso desse resultado é que as mulheres somam 51,8% da população brasileira.

Sem dúvida, ainda existe um longo caminho a percorrer, mas alguns temas relevantes saíram do papel: o país instituiu o crime de feminicídio como lei em 2015 e a Lei Maria da Penha vai completar 16 anos. As duas legislações são um marco no combate à violência de gênero e uma prova de que não podemos desistir de reforçar cada vez mais a democracia.

O fato é: não haverá mudanças para melhor sem as mulheres na linha de frente. A mulher precisa e deve, cada vez mais, participar da vida política como protagonista das suas reivindicações. O fortalecimento entre as mulheres é a principal forma de se chegar a uma política de qualidade para toda população.

*Martha Rocha é deputada estadual pelo PDT do Rio de Janeiro.

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