Lupi no Rio: “Levar qualificação às comunidades pobres é desafio”

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou hoje (1º) que o desafio do Brasil é levar a qualificação profissional para dentro das comunidades pobres. Atualmente, o trabalhador tem que se deslocar de sua residência, gastando dinheiro do próprio bolso, para buscar cursos profissionalizantes em núcleos instalados em outros bairros. A ideia, segundo Lupi, é disponibilizar alternativas dentro de comunidades do país.

“O grande desafio do Brasil hoje é a qualificação profissional. Se o trabalhador está desempregado, como ele vai fazer? Então, precisa ser gratuito e tem que ser onde ele está. Isso é fundamental para o sucesso de qualquer capacitação profissional: estar onde o trabalhador precisa, que é dentro da comunidade.”

Lupi disse que o passado do país, ligado ao desemprego, evitou que se preparasse a massa trabalhadora para a fase atual, de praticamente pleno emprego, em que falta mão de obra qualificada em obras e projetos de grande envergadura. Para inverter essa realidade, ele acredita ser preciso um trabalho de parceria com outras entidades.

“O Brasil teve uma cultura de muitos anos sem emprego, que não preparou quem desse qualificação ao trabalhador. Nós não temos grande experiência para fazer esses cursos. Estamos ainda em uma fase de improviso, por meio das associações, do Sistema S [Sesc, Sesi e Senai e Senac] e das escolas técnicas federais para tentar massificar.”

O ministro participou de festa comemorativa ao Dia do Trabalhador na Vila Cruzeiro, comunidade que há pouco tempo era controlada pelo tráfico de drogas. “Isso reflete a importância da presença do Estado. Não basta só ocupar a comunidade para garantir a segurança, mas oferecer serviços públicos que deem a essa população a garantia de que a polícia não vem e vai embora. O Estado veio para ficar e garantir a cidadania.”

O secretário estadual de Trabalho e Renda, Sérgio Zveiter, que acompanhou Lupi nas comemorações, também considerou imprescindível levar oportunidades de qualificação para dentro das comunidades: “Para incluir as pessoas que estão abaixo da linha da pobreza é preciso estar próximo delas. Elas não têm condições nem de sair de onde se encontram”.

No Rio, centrais fazem festa no Complexo do Alemão

As centrais sindicais escolheram o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, ocupado pelas forças de segurança desde novembro passado, para comemorar o Dia do Trabalho. O ato unificado de cinco centrais, sem a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na favela Vila Cruzeiro, teve shows e sorteio de brindes. Outra festa, organizada pelo governo do Estado e o Ministério do Trabalho, ocorreu na Quinta da Boa Vista e lembrou os 30 anos do atentado a bomba do Riocentro, ocorrido durante um show de vários artistas em homenagem aos trabalhadores.

A cantora Beth Carvalho, que se apresentou em 1981, foi uma das atrações da comemoração na Quinta. No Alemão, a festa começou com uma apresentação dos músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e um protesto contra as demissões.

Depois de participar da comemoração da Força Sindical e de um ato ecumênico organizado pela CUT em São Paulo, na manhã de hoje, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do PDT, reservou a tarde para o Rio. “Não posso e não tenho direito de me intrometer nessa questão de disputa sindical”, disse Lupi. O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, não compareceram às festas do 1º de Maio.

O presidente da Força Sindical no Rio, Francisco Dal Prá, informou que a central sindical fará uma pesquisa no Alemão para definir que cursos de formação e qualificação profissional são mais adequados para o complexo de favelas. “Em dois ou três meses vamos começar, em parceria com o governo do Estado, a preparação dos moradores para o mercado de trabalho. A comunidade teve uma ação muito forte do Estado no combate ao tráfico e uma nova etapa deve ser a integração social e a formação de mão de obra”, disse o dirigente sindical.

www.jb.com.br / Agência Estado

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