Em ano de eleição, Mário Juruna é lembrado por sua representatividade na política em prol dos povos indígenas no Brasil


PDT Nacional
03/09/2022

Após ataques do governo, número de candidaturas de pessoas que se auto declaram indígenas crescem 

Com tantas pautas em vigência e de grande importância para a comunidade indígena nestas eleições, o momento não poderia ser mais propício para relembrar o nascimento de Mário Juruna (PDT), o primeiro índio a ser eleito no poder legislativo do País, que hoje completaria 79 anos.

Nos últimos anos presenciamos uma sequência de ataques contra os povos indígenas no Brasil. O atual governo prometeu acabar com a reserva indígena no Brasil e amedrontou a comunidade com a possibilidade de perda de territórios com a tese do marco temporal.

Para alcançar mais representatividade nos espaços de poder e de decisão, a comunidade indígena está reagindo. Das mais de 27 mil candidaturas aptas, 172 pessoas se auto declaram indígenas em todas as unidades federativas, incluindo o DF, com um aumento de 32% comparado a 2018, o que altera positivamente o retrato da política brasileira.

Para o presidente nacional do movimento indígena do PDT, Rafael Weree, o crescimento traz esperança, mas ainda é pequeno comparado às necessidades da comunidade.

“Nessa eleição o número de candidatos subiu, mas é muito para gente sorrir? Ainda não. Ainda temos muito espaço a ser conquistados! Mesmo assim estamos na luta para eleger os nossos representantes para defender os direitos dos povos indígenas no congresso nacional e com isso, abrir diálogos com os governos sobre as políticas públicas e criação de projetos”, afirmou Rafael.

Mário Juruna: o maior protagonista na luta pelos direitos indígenas

Na Câmara dos Deputados, Mário Juruna defendia incansavelmente direitos considerados básicos para a comunidade indígena e que ainda hoje não foram alcançados. Em um de seus mais importantes discursos na Casa, o pedetista cobra mais representatividade indígena na política brasileira e a necessidade de investimento em educação de qualidade para a classe.

“Eu quero apresentar exemplo com minha candidatura, porque hoje já podia ter deputado índio. Podia ter deputado aqui no Brasil, mas nós não somos culpados. Quem é culpado, é responsável, é essas pessoas que não dão oportunidade pra índio. É por isso que nós só aprende, só estuda o primário”, afirmou Juruna.

Segundo o Atlas Violência 2021, o Brasil registrou o assassinato de 2.074 indígenas entre 2009 e 2019 – resultado que fez a taxa de letalidade violenta praticada contra os grupos étnicos saltar 22% no período. Para a comunidade, além de ser um retrocesso na garantia de direitos indígenas, com a tese do marco temporal, o número de mortes pode aumentar em decorrência de disputas de terras promovidas tanto pelo poder público quanto pelo setor privado.

Na época de seu discurso na Câmara, Juruna já ressaltava a necessidade de criação de mecanismos capazes de assegurar as tribos de todo Brasil.

“Sou homem do povo, sou homem de campo, quando me criei não encontrei nem um branco, não encontrei nem um avião, nem automóvel, nem estrada; onde me criei era sertão, eu só escutava canto do passarinho, e hoje eu encontro muito pressão contra índio, e invasor, e estrada. A gente está recebendo muita pressão”, afirmou o pedetista.

Não restam dúvidas sobre a importância da luta dos povos indígenas brasileiros pela preservação da cultura, por garantia de direitos civis e políticos e direitos a territórios ocupados durante décadas por seus ancestrais. Como dizia Mário Juruna, é necessário um fortalecimento dos índios em todas as áreas políticas do País para que haja uma representação justa e democrática.

“E muita gente que achava, quando eu entrei na política, muita gente falava contra Juruna, falava: “Imagina como que Juruna vai entrar no plenário, imagina, o índio, o que é que vai resolver no plenário, como é que índio vai representar índio?” E eu quero saber: imagina, o que é que o branco pode? Talvez índio pode representar melhor do que qualquer deputado, qualquer senador e qualquer da República”.

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