17 anos sem Brizola: por que o seu legado é tão atual? – Por Marcelo Barros


Por Marcelo Barros
21/06/2021

21 de junho de 2004 foi um dos dias mais tristes da história trabalhista. Perdíamos o nosso líder, o nosso timoneiro, aquele que sempre nos ensinou que estar ao lado dos mais humildes era a nossa vocação, a nossa missão de vida e de luta.

Nossos inimigos, além de verterem lágrimas de crocodilo, vaticinavam que “O PDT também estava indo pro túmulo com o seu líder”. A esquerda brasileira, que em muitos momentos, dizia que “Brizola era ultrapassado”, rendeu-se ao seu legado e a sua contribuição para esse país. Até a Globo, sua maior inimiga, esboçou a sua história no JN daquele longo dia.

17 anos depois e diante de todos os fatos vividos até aqui, hoje cabe essa singela, porém importante pergunta do título: “Por que o Legado de Leonel Brizola segue tão atual?”. Apontarei algumas respostas na minha parca opinião.

Primeiro porque Brizola, mesmo em muitos momentos tachado de “ultrapassado” por setores da esquerda e da elite brasileira, sempre teve coerência, sempre foi fiel ao Trabalhismo e aos princípios que carregava. Coisa essa que, até hoje, é rara nos políticos de nossa terra.

Segundo, entendo que Brizola sempre foi um homem preocupado com o futuro e o novo Brasil que surgira pós-ditadura militar. Um país cheio de contradições e desigualdades, mas com um povo forte, trabalhador, inteligente e criativo. Brizola sabia da força do povo que, organizado e atuante, daria a resposta que tanto as elites temiam.

Brizola sabia que a verdadeira redenção do Brasil só viria pela via trabalhista e até hoje esse legado é atualíssimo.
Isso explica as manobras do Golbery em entregar o PTB para Ivete Vargas; o “escândalo Proconsult” que visava impedir a vitória de Brizola para o governo do Rio de Janeiro em 1982 e a horrenda perseguição que Roberto Marinho fez contra o nosso líder estando Brizola como governador. Também devemos apontar o medo da elite e da mídia que Brizola chegasse ao segundo turno na eleição presidencial de 1989.

O terceiro ponto dessa análise que faço da atualidade do legado de Leonel Brizola é o seu pioneirismo com temas que hoje estão na pauta como o meio ambiente, as políticas afirmativas, as políticas de agricultura familiar e a recuperação da dignidade territorial, especialmente das favelas. Brizola não via a gente da favela como “problema”, mas como pessoas que tinham que ser incluídas na sociedade através de políticas públicas que trouxessem “o Estado pra dentro da comunidade”. Hoje, a classe política e até a elite promove a “glamourização” da favela, mas nada fez e nada faz para mudar a realidade de quem vive ali.

Todo mundo hoje fala de meio ambiente e sustentabilidade, mas Brizola foi o grande anfitrião da “Eco 92”– a maior conferência sobre meio ambiente e o futuro do planeta até então. Todo mundo hoje fala em inovação tecnológica, mas chamaram o Brizola de louco quando colocou microcomputadores nos CIEPs visando incluir os garotos da favela na modernidade, ou então quando criou uma universidade só com cursos voltados para a tecnologia. Olhem o protagonismo de Leonel Brizola na prática.

E finalizo essa análise com um quarto ponto: Brizola nunca jogou contra o interesse nacional. Sempre foi e provou com exemplos vivos que era patriota. Diante de termos atualmente um presidente que se diz “patriota”, mas que bate continência pra bandeira americana e que lambe as botas do fascismo e de todos os valores antidemocráticos, não dá nem pra comparar. Brizola sempre lutou pela soberania nacional de verdade, com coerência. Soberania não só territorial ou militar, mas acima de tudo, soberania no desenvolvimento nacional com a superação da pobreza através da educação que liberta e do trabalho que dignifica, além da destruição dos privilégios de uma elite que sempre se alimentou do suor e do sofrimento do povo brasileiro.

Brizola era um homem vindo do povo, que pensava na emancipação do povo e que trabalhava pela libertação desse mesmo povo das suas amarras impostas pelos inimigos da pátria.

17 anos depois da sua partida, nunca o seu legado esteve tão vivo e tão atual. Brizola, para desespero da elite imunda desse país, é inapagável em seus feitos pelo povo brasileiro.

Nós, como seus seguidores e defensores de seu legado, temos a missão de mantê-lo vivo. O Trabalhismo é a via capaz de libertar o Brasil de mais 500 anos de exploração e desigualdade. Vamos a luta como Brizola fez! Viva Leonel Brizola! Viva o legado e a coerência de Leonel Brizola! Viva o Trabalhismo! Viva o PDT!

*Marcelo Barros é membro do Diretório Nacional do PDT

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